Nestes tempos de caos absoluto, tudo é permitido, o errado virou certo, tá tudo dominado
Chacina, rebelião, massacre, estupro, pedofilia, suicídio, infanticídio, assassinato, sequestro, roubo, desvio de verba pública, caixa dois, tráfico, libertinagem, pornografia, álcool, drogas, insubordinação, indisciplina, desobediência, desrespeito, malandragem, preguiça, gula, inveja, esperteza, racismo, juros, impostos, (in)justiça, pronto socorro, fila, doença, solidão, rejeição, isolamento, angústia, depressão, pressão, câncer, poluição, sujeira, esgoto, vírus, virose, epidemia, falência, bala perdida, gente perdida, esperança perdida, geração perdida.
O parágrafo acima daria um livro de dez mil páginas se cada palavra fosse dissecada pelos eventos dos últimos anos. E não conseguiríamos escrever tudo, explicar tudo, compreender o motivo de tudo. Cada palavra revela uma porta que leva a um único lugar: ao caos absoluto. Não importa por onde cada um entrou. Uma vez dentro e sem forças para sair, outras portas vão se abrindo e, de desgraça em desgraça, chegamos ao ponto agudo no qual nos encontramos como nação.
Existem outras portas pelas quais cada vez menos pessoas querem entrar. As portas da fé, do amor, da religião, do transcendente, do Cristo. Famílias inteiras, doutores de todas as áreas, universidades, artistas, políticos, tribos, formadores de opinião, cada grupo de sua forma e do seu jeito, vão dizendo não para o Cristo da Bíblia. O volume de gente simplesmente debochando dos valores cristãos e invertendo-os não para de crescer. As boas portas estão lá, destrancadas para quem quiser entrar e experimentar uma nova realidade, mas não, a opção social, política, econômica, cultural e até espiritual, em alguns casos, é a de mantê-las fechadas, pois assim, os “antiquados” valores cristãos não aborrecem os desejos que a carne dessa gente exige.
Escolhas são livres. Mas cada escolha exige um preço a ser pago. Não sai barato, muito menos de graça. A decadência fez morada em nossa nação há décadas. Até quando nossas lideranças de todas as áreas achavam que daria para se esbaldar em pecados, ofensas, explorações, libertinagens e descasos para com a Palavra e o Deus da Palavra? Quando o Criador é colocado de lado na equação da vida, quem perde é a vida. Para confirmar, basta acompanhar o quadro diário que escandaliza todo aquele que ainda não perdeu um mínimo de sensibilidade.
Então, é tudo um castigo de Deus? Absolutamente. Não pense pequeno, não tenha um coração pequeno, nem por um segundo engula teologias que pregam um mesquinho toma-lá-dá-cá. Nada disso. O fator determinante chama-se “abandono”. Ao decidir que Deus não é necessário, que só atrapalha, que Ele não existe, que Cristo é um mito, que é autossuficiente, que Ele tem que ser retirado das escolas, do entretenimento, dos lares, da vida, os homens estão decidindo, na prática, o seguinte: daqui para frente é do nosso jeito, não queremos interferência de nenhuma força que não seja a nossa, abandonamos Deus e todas as suas chatas e ultrapassadas regras. Pronto, Deus simplesmente se retira e o homem fica sozinho, com os poderes que acha que tem, e sozinho se enrola, se confunde, se destrói, se aniquila.
Mas e o amor de Deus que os cristãos tanto falam? Não poderia este amor intervir? Sim, pode. São aquelas portas que citei. Estão ainda destrancadas no correr da história. Basta ter a humildade de abri-las. Porém, como disse, cada vez mais pessoas passam por estas portas e nem querem encostar na maçaneta! Sabem que fé, amor e Cristo são bons, sabem que seriam a melhor “sociedade alternativa” para o caos instalado. A carne, porém, é incansável, é teimosa, é resistente, é doente pelos prazeres que o mundo oferece. Parece louco, e é. A decisão, via de regra, tem sido pagar o preço do caos. “Vamos continuar nos refestelando ao som das festas e propostas da mídia, carnaval taí, os cardápios cada vez mais variados de sexo estão aí, deixa a vida me levar…” E o preço é cobrado, vidas se perdem, gente se destrói, famílias se desintegram, esperanças se enfraquecem, tudo por conta de infelizes e fugazes escolhas que apenas colocam as pessoas para baixo, para baixo, para baixo…para morte.
Alguns insistem. “Tá, mas mesmo assim, se Deus existe Ele poderia mudar o quadro, ou não?” Se a pergunta é repetida, a resposta também é. Para todo aquele que tem tido a coragem e a ousadia de abrir a porta certa num mundo de tantas portas erradas, sim, Deus está mudando o quadro. Falei sobre várias portas que a maioria não quer nem se aproximar. Na verdade todas elas são uma só: Jesus. Quando Jesus é convidado, quando Ele é a prioridade, quando Ele é a primeira escolha, tudo o mais acontece naturalmente. Entram em cena a fé, o amor, o transcendente, a verdadeira religião, que nada mais é senão a religação com o Pai.
Tudo isso acontece no ajuntamento de filhos e filhas, por isso se tratam como “irmãos” – e tantos ignorantes zombam de tal tratamento, enquanto lá no fundo enfrentam a solidão da falta de pelo menos um irmão. Tudo isso é possível no lugar de comunhão. E as perguntas continuam: “Mas tem tanta gente mentirosa e fofoqueira nas igrejas…” Tem sim. Mas onde não tem? Qual família não tem? Qual empresa não tem? O que difere este grupo de fé dos demais não é e nunca foi o grupo em si, mas o Cristo que ali se adora, se exalta e se segue. Embora invisível, são estes grupos que formam o que cristãos no mundo inteiro definem como o corpo de Cristo. Corpo esse que, como estamos assistindo, está sendo deixado de lado para se juntar a corpos que há tempos deixaram de ser morada do Espírito Santo, portanto, templos espirituais vazios de propósito. Foram criados para serem morada de Deus, mas, com atitudes e palavras, expulsaram Deus da morada que os céus escolheram. Definitivamente, escolhas têm um preço, e o preço que a sociedade atual está pagando está muitíssimo alto.
Nilo Roméro, George Israel e Cazuza foram os compositores da poesia “Brasil”. Nela, num trecho, surge o grito de desabafo: “Brasil mostra tua cara. Quero ver quem paga pra gente ficar assim. Brasil qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim.” Nos anos 80, essa música funcionou como um protesto contra os escândalos políticos, as desigualdades sociais e as injustiças. Em parte, a música continua funcionando frente à realidade nacional. Mas o quadro hoje é infinitamente pior.
Por isso, meu título: Brasil, mostra tua vergonha na cara. Mas está difícil ver qualquer mínimo movimento que indique vergonha por parte daqueles que mandam, manipulam e comandam as massas. O politicamente correto diz que tudo é permitido, toda forma de sacanagem é válida, o errado virou certo, o que antes corava de vergonha agora recebe gargalhadas de orgulho e ostentação, vale tudo, tudo pode, nada é proibido, tá tudo dominado, tá todo mundo indo pela correnteza do “eu mereço ser feliz” e o resto que se afunde, o importante sou eu, eu, eu, eu…
Finalizo com um pensamento de Alexander Pope: “Um homem nunca deve sentir vergonha de admitir que errou, o que é apenas dizer, noutros termos, que hoje ele é mais inteligente do que era ontem.” Pense nisso. Um pouco de inteligência poderia mudar radicalmente o quadro atual. Ou será que viver em amor, pelo amor e no amor de Cristo não seria inteligente? O evangelho antigo continua sendo a melhor e mais revolucionária proposta de uma vida plena e feliz para o “já” e o que ainda está por vir. Paz!