Mantenha tudo Sob Controle!

Já aconteceu com você de perder o controle em determinada situação? E até mesmo não querer mais continuar? Principalmente nesse período de pandemia em que você teve que assumir diversas tarefas com as quais não estava acostumada? Então, continue esta leitura a partir de uma ótica do controle de Deus.
Saiba que o controle exercido por Deus nos dá a paz que precisamos, diante de todas as circunstâncias da vida, pois Ele mantém a ordem no universo. Pela fé, compreendemos que o universo foi criado por Deus e tudo o que nele existe (Hb 11.3; At 17.24), nisto observamos que em tudo Deus está presente, cuidando da desordem criada pelo homem em um mundo organizado por Ele. Encontre nele direção para controlar suas emoções, sentimentos, impulsos, ansiedade e medo.  Afinal, “ter a gestão dos nossos sentimentos é muito importante para que possamos nos compreender melhor, ressignificar as sensações ruins e respeitar os próprios limites em diferentes situações” .
Jaynes em seu livro “Surpreendida pela Glória” (Jaynes, 2015) explica sobre os sentimentos que inquietam nossa vida, principalmente nos momentos em que estamos esgotadas. Ela os compara como um anseio por algo mais, que na verdade são sensações que temos quando precisamos parar tudo o que estamos fazendo e apenas deixarmos Deus nos surpreender com seus cuidados, esses ela descreve como “momentos de glória”.
Não precisamos nos desgastar, o Deus do universo sempre está disposto a nos surpreender com seus cuidados. Também não precisamos carregar tudo nas costas como se fossemos heroínas. Deixe Deus surpreendê-la!
Ele me surpreendeu diversas vezes. Quando entramos no ministério pastoral, passei a me dedicar à família e igreja, mas continuei tentando manter o controle de tudo, pois era o que eu sempre fiz. Porém, tudo que eu procurava resolver, da minha maneira, não dava certo. Perguntava para Deus todos os dias se eu havia feito a escolha certa, de deixar tudo por Ele, porque tudo dava errado. Lembro que, em todas as vezes que me abri verdadeiramente a Deus, e O deixei assumir o controle,   Ele agia e me surpreendia com seus cuidados, das mais diversas formas inesperadas. Demorei para perceber isso!
Hoje sei que a partir do momento em que eu e minha família decidimos trabalhar para Ele, com certeza assumiu o controle de tudo relacionado a nós, e não eu.
Certa vez recebi uma estudante em minha casa, que vendia doces para pagar os estudos e ela se ofereceu para fazer uma oração, sem mesmo nos conhecer e em um trecho de sua oração disse: “Pai, assim como eles cuidam daquilo que é teu, cuida de tudo que é deles”.
Até hoje Ele me surpreende com seu controle e cuidado com minha família.  Como bem constatou Ribeiro, “O Soberano não perde a soberania, o Soberano não está atado pelas leis humanas”, (RIBEIRO, 2006, p.19).
Então cabe a você, tomar a atitude e fazer a decisão certa que é entregar a Deus o controle do tempo, da rotina e da vida e descansar em seus braços de amor. Deixe Deus surpreender com o que tem para sua vida e assumir o controle!
 
Texto escrito por Eula Paula Basto de Araújo, esposa do Odeir pastor da IAP de Piracicaba, mãe da Julia. Integra a equipe do Ministério de Ensino da Convenção Paulista. Cursa Letras e MBA em Gestão Escolar e é formada   em Gestão Empresarial e Teologia.
 
REFERÊNCIAS:
Bíblia de Estudo NTLH. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.
DAWKINS, Richard. Deus, um delírio. Companhia das Letras, 2019.
JAYNES, Sharon. Surpreendida pela Glória. Tradução de Maria Emília de Oliveira. 1. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2015.
RIBEIRO Renato J. Hobbes; HOBBES, R. O Medo e a Esperança. WEFFORT, Francisco C.(organizador). Os Clássicos da Política, v. 13, 2006.

Um joelho de ouro para correr! Inspire-se nessa história de superação.

Por peraltice, em 1997, me acidentei com uma tonelada de chapa de aço galvanizada. Na época estava com 19 anos e no 2º ano da faculdade. O acidente foi terrível e lesionei apenas “partes moles” (ligamentos, tendões e meniscos) de meu joelho direito, além de me livrar de uma hemorragia interna, porque havia travado o sangue na safena (uma veia importante da perna).
A primeira cirurgia foi na semana seguinte, depois a segunda em 2000, para uma pequena correção, mas durante esta, apareceram algumas complicações. Em 2001, foram mais duas, já com um médico especializado em joelhos (eu conto como duas, mas o ortopedista me informou que foi uma cirurgia em dois tempos, com intervalo de um mês). Para piorar, durante a fisioterapia, eu simplesmente perdi toda a correção ao tropeçar num buraco, em uma das calçadas do centro de São Paulo.
Em 2002, fui submetida à quinta cirurgia, com milhões de recomendações. Em 2004, surgiu a notícia da sexta operação, foi quando perguntei ao médico se, além da cirurgia, existiria outra possibilidade para uma melhora no joelho. Ele informou  que eu seria uma aluna com frequência permanente numa academia e que calçados com salto alto e exercícios de impactos estariam excluídos da minha vida.
Demorei para tomar a decisão, porém, em 2007, matriculei-me na academia onde estou até hoje!
Depois  vieram os desafios… Um deles é que sempre fui obesa e não ligava para isso, queria apenas evitar mais uma cirurgia e acabar com as constantes dores. Na academia, consegui fortalecer muito o joelho e o médico disse que estava livre  da suposta sexta cirurgia. Voltei a perguntar sobre meus sonhos, se já poderia usar salto alto e correr. Infelizmente sua resposta foi: “ um joelho operado não é o mesmo feito pelas mãos de Deus” e que para estes tipos de desafio eu teria que mudar muita coisa em mim, uma delas era o sobrepeso. Confesso que saí chateada da consulta, naquele dia.
Continuei firme na academia e, pela imensa vontade de correr, iniciei treinos com um personal trainer, compartilhando com ele os meus desafios e alvos. Foi muito difícil dar os primeiros passos caminhando numa esteira, mas depois de algumas insistências, eu já estava trotando!
Em janeiro de 2010, quando vi uma reportagem sobre os últimos colocados da São Silvestre (uma prova de 15Km desafiantes) tomei como meta enfrentá-la em dezembro do mesmo ano. Conversei com minha família e com o treinador, e todos concordaram. Fui conversar com o ortopedista, que ficou muito surpreso com a decisão e passou mais recomendações e tarefas para executar durante o ano: nutricionista, endocrinologista e personal trainer foram sugeridos para o tratamento.
Por alguns anos, eu lutei com o sobrepeso e, com esta meta, consegui perder vários quilos,  juntamente com o “massacre” na academia. Muitas vezes pensei em desistir porque já não tinha mais fôlego para os treinos, ainda bem que eu tinha uma equipe dando força nesses momentos.
Realizei provas de corridas de rua, que foram utilizadas como treino para ter um bom desempenho na São Silvestre.
Finalmente chegou dia e, enquanto eu esperava a largada, meditei nas mudanças ocorridas em minha vida: antes do acidente, era obesa e sedentária e depois estava ali, pronta para cumprir a meta do ano e me tornei corredora de rua, de coração, corpo, alma e joelho.
Consegui completar a prova em 2h02, com muita felicidade, emoção, grata aos profissionais que me ajudaram e o mais importante, muito grata a Deus por permitir a realização deste meu sonho!
Minha mente, que sempre se ocupava com a frase: “não posso fazer nada de atividade física, pois tenho um ‘joelho de cristal’”, agora, por graça divina, foi mudada. Antes, era joelho de cristal, mas agora Deus me deu um joelho de ouro.
Talvez você já tenha conhecido essa minha história, porém ela não parou por aí, mas continuou.
Fiz outras corridas de 10k, 12k, 16k, e em novembro de 2011 conquistei minha primeira meia- maratona ( 21,098Km) , claro que a São Silvestre permanecia no plano de provas a realizar.
Tudo corria bem , treinos de segunda a sexta e algumas provas aos domingos com a convicção de que um dia chegaria a percorrer uma maratona (42,195Km) mas aconteceu algo diferente comigo em dezembro de 2011. Eu já tinha feito minha inscrição para São Silvestre, tudo preparado, porém na véspera do dia 25 de dezembro ocorreu um problema em minha saúde comecei a ter visão dupla no início de cada dia e isso me preocupou, pensei até ser algo muito sério. Consultei os médicos mas como era período de férias,  um deles sugeriu que eu procurasse um neurologista imediatamente.
Estava me sentindo bem, não imaginava ser algo neurológico e procurei uma segunda opinião com um especialista que já conhecia. Ele me fez alguns questionamentos e fiz alguns exames, a vontade de correr a São Silvestre era imensa e eu sentia “apenas  uma visão dupla pela manhã”.
O dia da São Silvestre chegou e eu já tinha agendado uma consulta com um neurologista, afinal, mesmo buscando uma segunda opinião é bom respeitar as orientações médicas para sanar dúvidas, e dia 31 de dezembro levantei ainda com a visão dupla como nos dias anteriores. Esperei o problema melhorar e fui para a são Silvestre. Já estava com o corpo físico preparado para realizar a corrida, mesmo assim  corri com mais cuidado, pois o dia estava com chuva muito forte, mas a alegria de estar numa São Silvestre compensava o banho de chuva.
Após as comemorações da virada de ano, no dia seguinte, além da visão dupla,  comecei a andar sem equilíbrio, pensei que podia ser labirintite, como já tinha a orientação de procurar um neurologista,  fomos ao pronto socorro comunicar toda a situação ao Neurologista de plantão, que me encaminhou para internação. Foi difícil de acreditar, eu achava que estava bem, sem mal estar ou dores, apenas uma visão dupla e falta de equilíbrio. Agradeço a Deus por dar entendimento aos médicos. Seguimos para uma semana de internação, vários exames e uma medicação  forte de “corticosteróides (Solu-Medrol)”. Foram 5 seções de pulsoterapia para a cura dos sintomas.
Após a solução destes sintomas, não causados pela corrida, e esta é a parte feliz, recebi a notícia de que sou portadora de uma doença chamada Esclerose Múltipla – E.M., é uma doença autoimune que afeta o cérebro, nervos ópticos e a medula espinhal (sistema nervoso central). Confesso que fiquei sem rumo, achando que tudo de mim se acabou, meus sonhos e meus planos desmoronaram e o medo tomou conta, sei que eu tenho um único Deus que é o governador da minha vida, Ele tem os planos perfeitos e  estava cuidando de mim, saber disso me ajudou muito para o recomeço.
Iniciei o tratamento com uma medicação chamada “beta_interferona”, cumpri com todas orientações médicas e, claro que não podia faltar, questionei sobre minhas corridas ao neurologista, a feliz resposta foi que eu teria uma vida normal com alguns cuidados e que sim, poderia continuar com corridas, porém com menos intensidade que antes, um dos limites era não aquecer muito o corpo. Desde então, além de ter um ortopedista amigo, passei a ter um neurologista amigo, sempre os mantenho informados sobres minhas corridas e, antes de cada desafio, envio informações e peço orientações. Agradeço a Deus por estes médicos-amigos… sei que dou um pouco de trabalho a eles!
Em 2012 passei por um período de conhecimento do meu corpo com a E.M., realizei as mesma corridas do ano anterior, e num ritmo maior continuei com algumas atividades físicas na academia. Sabia que praticando atividade física iria me ajudar a lutar contra a depressão, pois com a prática da mesma  o nosso corpo produz endorfina (endorfina é chamado de neuro-hormônio que, ao ser liberada, estimula a sensação de bem-estar, conforto, melhor estado de humor e alegria.  Não foi fácil, a cada fim de treino prometia a mim mesma que não voltaria no dia seguinte mas arrumava a mala novamente, caso eu tivesse vontade de ir, como já estava com a mala pronta ia até a academia para ver se dava para fazer algo e, já que estava na academia, por que não fazer alguma coisa? Dessa forma eu não desisti das minhas atividades físicas.
Em 2013, ainda não tinha a segurança sobre minhas limitações, procurei novamente  fazer as mesmas corridas e, o mais frustrante, foi a decisão de parar de realizar provas em maio/2013.
Eu me senti uma perdedora. Mesmo assim continuei com a prática de atividade física.
Infelizmente em 2014 me esforcei para fazer apenas uma única  corrida feminina com minhas amigas. Ao longo destes 3 anos e meio pude entender minhas limitações junto com o  tratamento da E.M. e foi o tempo de recomeçar uma nova história,.
Foram tantos recomeços, porém o mais importante é que Deus nos permite esses recomeços.
No segundo semestre de 2015, comprei um novo tênis de corrida, comuniquei aos médicos que estava voltando para as corridas e fui atrás de uma ajuda profissional para voltar a correr.
Retornei aos treinos de corrida e fortalecimentos musculares,  foram corridas curtas de 5Km e 4Km mas estava animada.
Planejei minhas corridas para 2016, estava focada nos treinos e a E.M. se fez presente. Tive um episódio de surto no final do mês de Fevereiro/16, perdi a visão esquerda, inflamação no nervo ótico, fui para o hospital e fiquei internada por alguns dias para tomar algumas doses de corticóides.
Conversei com o médico sobre minhas atividades e que em duas semanas teria uma corrida,  felizmente o médico não via problemas para realizar esta corrida. Voltei para os treinos e realizei a corrida.
Durante os treinos fui questionada sobre qual seria o meu alvo para o retorno às corridas e respondi que ainda faltava realizar o sonho de correr uma maratona, sonho este que foi interrompido, e que queria realizar este desafio numa prova que havia visto nas revistas de corredores, uma corrida nos Estados Unidos em Orlando. Iniciamos os treinos, foram treinos e provas durante o ano de 2016 e 2017, o plano era para correr a maratona em 2018, mas lesionei de novo o joelho. Desta vez foram necessárias apenas infiltrações de um gel sinovial no joelho e muito fortalecimento. Não parei de treinar e nem de correr, apenas prorroguei a maratona para 2019.
Comuniquei aos médicos (ortopedista e neurologista) sobre a maratona, mas não seria uma maratona, e sim  o Desafio do Dunga no parque da Disney, este desafio é composto por 4 provas uma em cada dia com 5km,10km, meia-maratona e maratona, quem cumprisse a meia-maratona e maratona também cumpria o desafio do Pateta, desafio este que lia nas revistas; os médicos acharam uma loucura e, como sempre, deram as recomendações.
Janeiro de 2019, lá estava eu, de malas prontas no aeroporto e coração apreensivo de como seria vencer a desafiante maratona. Chegamos na cidade e um dos fatores que ajudou para cumprir o desafio foi o clima frio, lá o mês de janeiro é inverno, já que não poderia aquecer muito o corpo. Eu me acomodei no hotel, compartilhei o quarto com uma senhora maratonista de 71 anos.  Pessoas assim me inspiram a continuar lutando.
Todas as corridas realizadas pela manhã em qualquer lugar no Brasil ou não, são feitas bem cedo, e por incrível que pareça, todo o corredor ou a grande maioria, levanta nos domingos de madrugada na empolgação, eu não sei responder o porquê,  mas sei que levantar de madrugada em pleno domingo para correr é dia de muita euforia, mais ainda quando a corrida é feita com os amigos. Convido você a experimentar!
Primeiro dia de prova, muito frio, atletas jovens, adultos, idosos e, sim, crianças,  para a corrida/caminhada de 5Km(3,1 Milhas); prova concluída, medalha na mão e a comemoração por finalizar a prova.
Segundo dia de prova, atletas de todas as idades para a prova dos 10Km (6,2Milhas). Mais uma prova concluída e medalha no peito. Terceiro dia de prova, os atletas eram mais preparados pois era a meia-maratona (13,1Milhas), prova concluída e terceira medalha no peito. Durante o dia houve preparo para a maratona no dia seguindo, os músculos, mesmo preparados, estavam cansados e doloridos, a solução era um bom descanso recuperativo para a prova seguinte. Quarto e último dia de prova, a tão esperada maratona, medo e emoção são dois sentimentos que andaram juntos no momentos da largada da maratona (26,2Milhas), eram muitos atletas,  a largada era feita por ondas (por grupo de atletas), demorei uns 25 minutos para aguardar a minha hora de largar, estava tão ansiosa que parecia estar demorando a chegar minha vez e iniciar a maratona.
Não apenas corri, fui no meu limite, se não dava para correr, caminhava, me diverti a cada quilômetro percorrido.
Torcedores ao longo do caminho, fiz a prova em 6h30. Alimentação neste período? Sim, levei alguns suplementos para o consumo.
Fim da prova, gritava emocionada: EU CONSEGUI!! EU CONSEGUI!!, cruzava a linha de chegada transbordando de alegria.
Finalmente a medalha da maratona no peito, mas à frente mais duas medalhas: do desafio do Pateta (meia e maratona) e a medalha que demorei, mas conquistei, a do Desafio do Dunga (78Km corridos).
Foi um longo caminho cheio de recomeços, mas não consegui sozinha, minha família esteve ao meu lado me ajudando na recuperação e comemorando a cada medalha conquistada (até hoje foram: 122 corridas, 1.380Km corridos em prova).
Minha mãe foi uma mulher forte, me acompanhou em todos os momentos, cada internação tanto para as cirurgias no joelho como para as pulsoterapias, lá estava ela com sua malinha se internando junto. Quando me via sem direção, meus irmãos estavam por perto me apoiando e quando necessário, dando broncas.
Em todas as corridas que realizo, quando chego em casa,  meu pai faz questão de pegar as medalhas na mão, e cada vez que ele faz isso,  eu me lembro do quão limitada sou e tenho seu apoio para continuar lutando. Meus pais e meus irmão foram meu porto seguro neste período.
Não posso deixar de falar dos meus irmãos em Cristo, nos momentos em que eu não podia sair de casa, em cada visita que recebia, eu sentia um amor muito grande refletido por eles que me enchia de esperança.
O cuidado e carinho ao ir para a igreja de muletas (até recebi fisioterapia em pleno retiro de verão),  e as orações que eram como um refrigério para mim e a certeza de que o Deus que sirvo estava cuidando de mim. Quando comecei a correr, meus irmãos tiveram a preocupação e cuidado, estavam sempre me perguntando sobre meu joelho e se estava tudo bem.
Um cuidado que permanece até hoje, cada corrida compartilhada em minhas redes socias meus irmãos em Cristo também comemoram comigo e no decorrer dos anos alguns deles não apenas comemoram, mas  se tornaram corredores, e outros retornaram às corridas.
Quando fui diagnosticada com Esclerose Múltipla e me vi num caminho sem rumo, minha família e meus irmãos em Cristo estavam firmes em oração por mim e isto me fazia buscar forças para não desanimar.
Ter um joelho operado não é tão complicado do que viver com a E.M.. Existem diversos tipos de E.M. o meu é do tipo Surto e Remissão. Com um joelho operado, sabemos que passamos por um período em recuperação e com disciplina no tratamento se consegue ter uma vida firme e tranquila. O convívio com a E.M., no entanto,  é um caminho de incertezas, temos o constante sintoma da fadiga e cansaço, temos que estar atentos para não desanimar, ter a consciência de que planejar nem sempre será algo realizado, é uma vida de dúvidas, não conseguimos prever o próximo episódio de surto, nem saber onde acontecerá e nem qual será a intensidade ou se deixará sequelas ou não, pois é no sistema nervoso central.
E preparar-me psicologicamente para o inesperado, pois é preciso parar para se cuidar. Tenho 4 cicatrizes da E.M. no cérebro, 1 no nervo ótico, 1 na coluna cervical e na última ressonância magnética foi localizada mais uma, não sei até quando Deus me permitirá continuar correndo, mas vou continuar testemunhando sua imensa graça por mim. Oro para que seja correndo pelas ruas.
 
Escrito por Kenia Benocci de Macedo, maratonista, formada  em Ciências da Computação e atua também como projetista e supervisora de obras civis, intérprete de Libras, congrega na Igreja Adventista da Promessa em Vila Maria – SP/SP
 

#Juntas, até que Ele venha!

“Em todo o tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão”  Provérbios 17.17
 
Durante toda a nossa existência, conhecemos muitas pessoas. Há aquelas que encontramos uma única vez, ou aqueles colegas de um curso que, após concluir, nunca mais vemos. Há também aqueles com quem iremos conviver por toda a vida, pois fazem parte da família. Mas há ainda aquelas pessoas que, mesmo não tendo o mesmo sangue, um dia encontramos e elas passam a fazer parte da nossa vida como se nunca tivéssemos passado um dia sem conviver. Aqueles amigos que a bíblia nos descreve como “mais chegados que um irmão” (Provérbios 18.24), e é por isso que nos identificamos tanto.
Enquanto aqui viveu, Jesus teve amigos. Claro que seus discípulos eram seus amigos, mas a Bíblia nos mostra que havia três deles que estavam o tempo todo com o Mestre, e um em especial, a quem Jesus amava como a um irmão. A palavra de Deus também nos relata que Jesus era amigo de três irmãos: Maria, Marta e Lázaro, e que Jesus chorou quando Lázaro morreu. Mesmo sabendo que o ressuscitaria, Ele sentiu a dor das suas amigas naquele momento, e chorou com elas.
Esse mesmo Jesus nos afirmou que nossos dias aqui não seriam fáceis, os dele não foram. Contudo, mesmo sabendo que não poderiam mudar o destino do amigo e Mestre, esses amigos estiveram com Jesus até o fim e O fortaleceram no momento de dor. Mas também comemoraram a sua vitória e se alegraram com sua ressurreição.
Na verdade, assim como a família, amigos são pessoas que Deus coloca em nossas vidas para que, juntos, um fortalecendo o outro, passemos por tudo o que temos que passar neste mundo, alegrias e tristezas, vitórias e derrotas.
Portanto, cultive boas amizades, aquelas que levam você para perto de Deus. Valorize essas pessoas especiais que Ele colocou em sua vida.
Juntos o que é pesado se torna mais leve, e vamos vencendo as adversidades, até que Cristo venha.
 
Mariluzi Dalava Lopes Sales é casada com Juraci Madeiro de Sales, mãe da Giulianna e da Isabella, é advogada e serve a Cristo na Igreja Adventista da Promessa em Santana, São Paulo – SP e na equipe do Ministério de Mulheres Geral.

Quantas vezes preciso me perdoar mesmo?

Vamos combinar, pedir perdão não é fácil, porque primeiro precisamos ter a noção de que erramos… e essa é a parte difícil.
Afinal, quem sempre tem razão? As corajosas de plantão responderam “Eu”, com certeza!
Em Mateus 18:21 a 35, Jesus disse que devemos perdoar as pessoas, se preciso for, até 490 vezes (setenta vezes sete). Pelo menos umas 16 vezes ao dia no decorrer de um mês. Muito? Bem, não há menção a ser por dia… ou por hora, ou por uma vida.
Às vezes no primeiro erro do outro já excluímos das redes e bloqueamos no wathsapp!
Mas vou dizer algo… prestem atenção, é importante: mais difícil do que perdoar o outro é perdoar a si mesma… Conseguir lidar com o peso da culpa, da tristeza e do sofrimento e compreender que esses sentimentos precisam ser descartados.
Muitas pessoas seguem martirizadas com culpas que nem deveriam existir em suas vidas, pois já esquecidas e perdoadas!
Lembrou de algum peso que tem carregado? Hoje é dia de liberar espaço e colocar o amor de Cristo no lugar!
Certa vez Jesus disse a um grupo de pessoas que desejavam atirar pedras numa mulher adúltera, como era costume da época: “Aquele que não tiver pecados, que atire a primeira pedra”. Ninguém atirou. (leiam em João, capítulo 8.)
A seguir, Ele disse para a mulher: “Eu também não te condeno, vai e não peques mais”.
Vai, amiga… levanta a cabeça, anda dignamente diante do Pai! Coragem.
Quando colocamos nossos erros e falhas diante do altar de Deus, ali o Espírito Santo, em forma de amor, intercede com gemidos inexprimíveis! (Romanos 8:26).
Isso é maravilhoso, temos Jesus Cristo, com seu infinito amor, e o Espírito Santo, com sua imensurável ternura!
E lá no livro de Hebreus lemos que Deus usa de misericórdia e se esquece de nossos erros (Hb 8:12). Ele nos perdoa e esquece. Simples assim.
Sabe por que? Porque nos ama.
E tomando como base esse amor, que possamos aprender o seguinte: quando o perdão é liberado sobra bastante espaço no lugar da culpa. Preencha com amor por si mesma.
Ande livre da condenação, procurando não errar mais, tendo uma vida digna diante de Deus.
E termino pedindo um favor…
Procure um espelho e olhe… a pessoa ali refletida é muito especial para o Criador!
Seja mais carinhosa e complacente com ela…Perdoe!
Escrito por Genilda Farias, casada com Silas Farias e mãe do Pedro José, formada em Letras e Pedagogia, congrega na Igreja Adventista da Promessa em Vila Maria – SP/SP

Dependência Emocional – Quando amar não faz bem

Ela tinha um brilho intenso e diferente no olhar quando lhe perguntaram: “Porque, apesar de tudo, você ainda está com ele?” E ela respondeu sem hesitar: “No momento em que o conheci, percebi que não poderia mais viver sem ele! Eu realmente não consigo!”.
Quem não viveu esta euforia romântica quando encontrou seu primeiro amor, especialmente na adolescência? Uma sensação muito forte de que a nossa vida realmente perderia o sentido se não tivéssemos a pessoa amada ao nosso lado?
No entanto, quando uma mulher madura e experiente se dispõe a passar por cima de sérias falhas de caráter do companheiro, porque não consegue deixá-lo, alguma coisa está fora do eixo!
Provavelmente, conhecemos ou sabemos de alguém que é capaz de cumprir exigências absurdas, e até submeter-se ao abuso físico e psicológico, para evitar o término de um relacionamento.
Muitos de nós já tivemos em algum momento da vida uma amizade “sufocante”, que exigia exclusividade, atenção total e aprovação absoluta. Aquela pessoa que parecia não ser capaz de resolver seus problemas sem a nossa ajuda, necessitando de apoio e conselhos continuamente, até para escolher uma roupa ou decidir sobre sua carreira.
Também não é raro nos depararmos com pessoas que exibem tudo o que fazem nas redes sociais, ficando extremamente frustradas e ressentidas quando não recebem os likes que esperam ou são alvo de alguma crítica.
Esta submissão passiva às vontades do outro, a dificuldade para tomar decisões sozinha e a extrema necessidade de aprovação social são algumas das características da pessoa emocionalmente dependente. Ela geralmente vive de acordo com os desejos dos outros, para ter a garantia de que não será abandonada. Está sempre esperando que chegue alguém que lhe entenda por completo, o parceiro ideal, a amiga perfeita.
Isso a torna extremamente vulnerável a relacionamentos abusivos com pessoas que se aproveitam de sua fragilidade. Muitas vezes não percebe os abusos físicos e verbais que sofre ou até valoriza o controle e os ciúmes doentios como expressões de amor. Se, por alguma razão, questiona as atitudes da pessoa amada, é facilmente convencida a permanecer no relacionamento por promessas vazias de mudança.
Quais são as causas?
Embora não sejam as únicas, as mulheres são as maiores vítimas da dependência emocional, o que parece ter estreita relação com fatores culturais.
A mulher aprende desde cedo que deve colocar os outros em primeiro lugar. Começa na casa dos pais, assumindo mais tarefas e responsabilidades do que os filhos homens. Na idade adulta, abre mão de suas necessidades e vontades pelos filhos e pelo casamento. Quando seus pais envelhecem, geralmente cabe a ela o papel de assisti-los. Acostumadas com a ideia de que a mulher deve sempre estar pronta para servir, algumas acabam levando este modelo de conduta para sua vida afetiva.
É óbvio que nem todas as mulheres, que abrem mão de algo em função de um amor, são emocionalmente dependentes. Ter um relacionamento que busca a satisfação do outro e não somente a sua é uma forma madura e cristã de amar, pois o amor verdadeiro é capaz de se doar e se sacrificar pelo outro (1 Co 13).O problema ocorre quando as mulheres fazem de um relacionamento o centro de suas vidas, ignorando suas próprias necessidades, dispondo-se a suportar humilhações, vícios e graves falhas de caráter para não ficarem sozinhas.
Outro fator que pode contribuir para o desenvolvimento de uma conduta dependente é o ambiente onde a pessoa cresceu. Segundo Gary Collins (2004), pais ausentes, negligentes ou excessivamente rígidos e incapazes de demonstrar afeto estão, geralmente, na história de vida de quem sofre de dependência emocional.
Uma pessoa que não foi amada nem aprendeu a amar de forma saudável pode repetir o mesmo comportamento com o parceiro, procurando dar a ele mais do que lhe é pedido, esperando receber em troca o carinho de que necessita.
Por outro lado, pais que fazem tudo pelos filhos, que os protegem demais e que não os ensinam a ter responsabilidades, podem passar a informação de que o filho é incapaz de tomar decisões e agir sozinho, gerando um adulto inseguro e dependente.
Também há evidências de que a baixa autoestima está na base de comportamentos dependentes, em boa parte dos casos. Pessoas que não reconhecem o seu valor são propensas a colocar os outros em primeiro lugar e a sacrificar sua felicidade pessoal pela dos outros.
De acordo com Collins (2004): “Uma boa dose de autoestima nos dá a confiança necessária para cultivar relacionamentos profundos. Por outro lado, baixa autoestima faz com que a pessoa se sinta fraca e tímida. Isto resulta em uma tendência ao retraimento, algumas vezes acompanhada de excessiva dependência”.
Quem tem a autoestima extremamente baixa, no fundo não acredita que mereça ser feliz. Torna-se dependente do parceiro, e mesmo quando esta relação traz sofrimento, não consegue abrir mão dela porque não acredita ser capaz de viver um relacionamento satisfatório.
A necessidade de autoafirmação pode acabar sufocando o parceiro com excesso de cobranças, levando a sucessivos fracassos amorosos, alimentando ainda mais a insegurança e o comportamento dependente.
Como superar?
Todos nós temos carências, vazios, mas não podemos esperar que os outros venham suprir essas lacunas emocionais! O primeiro passo para superar a dependência emocional é admitir sua existência e decidir fazer algo a respeito.
Para tanto, é preciso abandonar a ideia romântica de que amor é sinônimo de sofrimento, pois geralmente a pessoa que tenta nos convencer disso não está disposta a dar a sua cota de sacrifício pelo relacionamento. Quem nos ama de verdade vai fazer de tudo para nos ver felizes, jamais para nos machucar e entristecer.
Também é essencial desenvolver a autoestima, aprender a lidar com a crítica e a rejeição, lembrando que Deus nos ama e nos valoriza, a despeito de nossas imperfeições. Ele nos fez com capacidade para cuidarmos de nós mesmas e com características peculiares que nos tornam capazes de atrair e cultivar relacionamentos sinceros, nos quais não precisamos abrir mão da nossa individualidade, da aceitação e do respeito.
Para quem sofre de dependência emocional parece mais fácil viver à sombra dos outros, buscando uma felicidade que vem de fora. No entanto, a verdadeira segurança afetiva vem de dentro de nós, quando cultivamos o respeito pessoal e decidimos assumir o controle de nossas vidas.
No entanto, o passo mais importante para que isso aconteça é aprender a confiar em Deus e desenvolver um relacionamento íntimo com Ele, crendo que só Ele nos ama de forma perfeita e somente nele nossos vazios são preenchidos.
Romi Campos Schneider de Aquino, mãe do Henrique e do Davi, é psicóloga, auxilia seu marido Luciano no pastorado das Igrejas Adventistas da Promessa de Ana Terra e Monte Castelo, em Colombo -PR e integra a equipe do Ministério Vida Pastoral Geral da IAP.
*texto publicado na edição 67 da revista O Clarim (jul a dez/ 2016)

Relato de uma vítima de violência doméstica

Maria (nome fictício), hoje com pouco mais de 50 anos, veio de uma família que viveu violência dentro de casa. Graças a Deus, ela aceitou Jesus ainda jovem e essa violência não afetou seu relacionamento com os filhos, criou todos com muito amor, bem diferente do que viveu em sua casa. Entretanto, reviveu a violência no relacionamento conjugal; violência psicológica, sexual, patrimonial, moral e física. Corajosamente, Maria aceitou compartilhar sua história aqui com a esperança de ajudar outras mulheres.
 
Quando os abusos começaram? 
Casei-me muito jovem. Desde os primeiros dias de casados comecei a perceber que era uma pessoa bem diferente do que conheci, embora tenhamos namorado muito tempo. Ele era de uma ótima família e realmente não percebia nada de violento ou de estranho no comportamento dele antes do casamento. Já no início do casamento, engravidei. Logo que minha filha nasceu, percebi o primeiro abuso do meu marido. Durante o resguardo ele não admitia ficar sem relação sexual, e me obrigou a isso, mesmo com os pontos. Doeu muito, chorei. No outro dia eu estava com o olho inchado, a mãe dele me perguntou o porquê, mas não falei nada. E essa foi a primeira violência que sofri.
 
Quais tipos de abuso sofreu?
Aceitei Jesus e meu esposo apoiou, dizendo que iria para a igreja comigo. Ficamos bem por um período. Mas, de repente, ele passou a agir de uma maneira que não consegui entender. Ele não queria que eu saísse com ele. Debochava de mim, da minha aparência, das minhas roupas e não me levava para lugar nenhum com ele por causa disso. Sentia-me agredida psicologicamente.
Quando minha filha ainda era bem pequena, descobri a primeira traição. Eu quis me separar, mas minha mãe e minha sogra não me apoiaram nisso. Diziam que eu não deveria deixar meu marido por causa de “vagabunda”, que conseguiríamos consertar a relação.
Um dia, descobri uma traição por uma carta, que estava escondida num lugar onde só ele mexia. Eu rasguei essa carta e coloquei no mesmo lugar, toda picada. Quando ele chegou e viu a carta rasgada, avançou em mim, a irmã dele tentou me proteger, não deixando acontecer nada. Ele chutava minha perna dizendo que eu havia quebrado algo dele. Eu dizia que não quebrei nada. Ele entrou dentro de casa, rasgou minha bíblia, meu doutrinal, meu Brado, as fotos do nosso casamento, eu fiquei com medo dele. Era domingo e eu fui para a igreja, orei ao Senhor. Havia uma irmã que me ajudava muito, me aconselhava, ela me aconselhou a não o deixar, pois era o inimigo que estava furioso. Meu esposo disse que a partir dali não sabia o que iria fazer comigo. Fiquei com muito medo. Minha cunhada ficava comigo, dizendo para eu ficar tranquila pois o irmão dela não era de violência. Eu queria arrumar minhas coisas para ir embora, ela dizia para eu não fazer isso. E eu fui deixando.
Ele saia e me deixava sozinha com minha filha. Chegava muito tarde da noite, batia na porta e não me explicava nada. Foi um período muito difícil para mim. Mas, eu o amava muito, era apaixonada, não queria deixá-lo.
Com o tempo, a amante dele engravidou, mas ele dizia que o filho não era dele. Foi um choque para mim. Depois ele confessou que o filho era dele. Ele começou a me deixar sozinha e sem nada, saía e levava todo o dinheiro. Minha filha era pequena e ele não me deixava trabalhar. Eu trabalhava de doméstica antes de me casar e ele me obrigou a deixar o trabalho para cuidar da casa, da nossa filha e dele. Daí começaram os abusos. Ele sempre colocava a culpa na igreja. Não me dava dinheiro para nada. Ele mesmo comprava algumas coisas e trazia para casa. Eu não podia comprar nem mesmo meus produtos de higiene pessoal, nem absorvente. Então comecei a vender cosméticos para suprir essas necessidades. Sempre alguém ajudava com roupas, para mim e minhas filhas, nunca andamos maltrapilhas.
Quando faltava o gás, eu me virava acendendo fogo no quintal de casa com pedaços de pau. Fazia a comida para minhas filhas. E tinha que estar pronta a comida para quando ele chegava, senão ele brigava, me chamava de inútil, que eu não trabalhava, que eu não prestava nem para acender um fogo, aí saia e voltava altas horas da noite.
Quando era para eu guardar o sábado (Maria professa fé sabatista), foi muito difícil, pois ele implicava querendo que eu fizesse as compras para o almoço do sábado na sexta à noite. Se eu não aceitasse, ele gastava todo o dinheiro e eu ficava a semana toda sem dinheiro para comprar até leite, frutas para minha filha. Quem me ajudava era minha mãe e minha cunhada.
Eu nunca deixei de participar da igreja por causa dessas coisas. Não comentava muito sobre o que eu passava na igreja, a não ser com uma irmã que também era casada com um homem que não era crente e sofria abusos, mas achava que era normal.
Quando era aniversário das minhas filhas, ele sumia. Todos perguntavam dele e eu não sabia o que dizer. Minha família e a dele eram muito unidas a mim. Ele sempre chegava tarde da noite e se eu perguntasse onde ele estava, me mandava calar a boca pois não era da minha conta.
Eu não apanhei mais vezes, além de uns chutes quando descobri uma de suas traições, pois eu dizia que perdoava tudo o que ele fazia comigo, mas se um dia ele tocasse a mão em mim eu o deixaria e diria a toda a família o que ele fazia. E ele tinha medo disso. Mas, embora eu não apanhasse, eu era muito humilhada, e ficava quieta.
Nessa confusão toda que foi minha vida, eu ainda consegui estudar. Comecei trabalhar muito cedo e, quando me casei, ainda não tinha concluído o ensino fundamental. Depois que eu já tinha passado por muitas lutas, resolvi estudar. Fiz um supletivo para terminar o ensino fundamental. Foi bem sofrido pois o meu esposo não deixava, e depois com as crianças pequenas era mais difícil, pois ele não cuidava delas. Numa fase que o relacionamento estava mais tranquilo, ele deixou eu voltar estudar para fazer o ensino médio. Eu tinha que me virar com o valor do vale transporte para meus estudos e dos meus filhos. Acabei engravidando, e mesmo estudando com muitos enjoos, ele nunca apoiou, nunca usou o carro (que dizia ser só dele) para me levar ou buscar. Mesmo em meio a ameaças, até mesmo em relação aos meus amigos da escola que me ajudavam, estudei até dar à luz. Parei os estudos por um período, mas depois consegui concluir o ensino médio. Ele tinha carro, celular, tudo, mas me deixava até sem gás em casa.
 
Qual foi o momento mais difícil?
O pior momento de toda essa violência, foi quando engravidei de uma das minhas filhas. Esse homem enlouqueceu, queria que eu abortasse. Trouxe comprimidos para que eu tomasse e abortasse. Eu não aceitei de jeito nenhum. Sofri demais nessa gravidez. Eu desmaiava, ele me deixava sozinha o tempo todo. Minha casa não tinha estrutura nenhuma, era muito simples. Ele não me ajudava em nada, dizia que o bebê não era dele, que era do pastor da igreja. Passei toda a gravidez assim. Ganhei muitas coisas das irmãs da igreja. Tive que trabalhar grávida, de diarista, com filha pequena, também vendendo coisas para me manter. Uma vez fugi dele durante essa gravidez, fui para uma roça, catar café na plantação. Ele ficava indo atrás de mim. Meu pai me disse que eu tinha que ir para a casa com meu marido, perguntou se estava acontecendo alguma coisa e eu dizia que não, mas que eu estava gostando de ficar na roça. Ele exigiu que eu voltasse para minha casa pois era meu marido.
Quando minha filha nasceu, ele me levou de bicicleta ao hospital e me deixou lá. As irmãs dele é que foram me buscar. Eu pedia a Deus que queria sair de lá e ir para outro lugar, pois não queria que ele nem visse minha filha, que era uma menina linda. Mas quando ele chegou e viu, se apaixonou por ela, e hoje ela é muito carinhosa com ele.
Um dia, descobri outra traição. Encontrei um vídeo que ele fez com uma mulher na cama. Mas sempre que eu descobria uma traição, ele mudava, ficava muito amoroso, carinhoso. Eu o amava e gostava disso. Tornei-me dependente demais dele. O mandei embora de casa, mas ele não ia, dizia que ia derrubar a casa toda em cima de nós. Chegou a pegar uma marreta me ameaçando disso. Ajoelhei, orei, peguei a bíblia e li que a palavra branda dissipa toda a fúria. Ele veio com toda fúria, segurei no braço dele e pedi para esperar um pouco, até que tirasse nossos filhos e depois ele poderia derrubar o que ele quisesse. Então ele se acalmou e disse que não iria derrubar mais nada. Ele apagou o vídeo.
 
Quando tudo começou a mudar? Quando os abusos terminaram? Buscou ajuda? 
Um belo dia eu orei ao Senhor, “o Senhor precisa me tirar disso”.  Eu fui para igreja com meus filhos e quando cheguei de volta em casa ele estava no portão com uma pessoa. O homem falou “que família bonita!”, ele respondeu “Que nada, vagabunda! Tava com o pastor”. Fiquei com tanta vergonha. Eu entrei, ajoelhei e falei assim “Senhor, faz alguma coisa por mim, faz alguma coisa por esse homem, salva esse homem”. Aí eu abri a Palavra de Deus enquanto ele estava lá fora e li: “Eis que estou a porta e bato, se alguém ouvir e abrir a porta eu entro”. Eu falei “Senhor, ele não vai abrir a porta, então eu entrego meu coração a ti nessa hora, faça alguma coisa por mim então. Eu preciso agir, eu preciso mudar. Eu quero sair disso. Eu abro a porta para o Senhor fazer alguma coisa por mim. Eu não gosto mais desse homem para ficar suportando esse tipo de coisa.”
Bem nessa época, chegou aquele Clarim (revista) sobre dependência emocional (edição 67, de julho a dezembro de 2016). Eu li aquele artigo e foi uma coisa maravilhosa. Eu pensei: vou orar para o Senhor me tirar dessa dependência.
Eu não era uma esposa ruim, mas eu falei para o Senhor tirar minha passividade, eu precisava reagir. Eu disse para ele que não ia mais trabalhar para sustentá-lo. Nessa época eu trabalhava com meus filhos pequeninos na casa dos outros, aí eu falei para ele “eu não vou mais trabalhar, não admito mais que você faça as compras, você vai me dar o dinheiro para fazer”. Enquanto eu trabalhava, tudo ficava por minha conta (luz, energia, comida), eu não conseguia comprar roupa para mim e meus filhos, eu cheguei a ficar com um lençol apenas na cama, uma toalha de banho velhinha.
Eu já tinha aceitado Jesus, mas eu não tinha atitude. Deus foi me tratando. Naquela oração que fiz, Deus transformou alguma coisa dentro de mim. Um dia, eu falei “Senhor, eu vou te fazer uma promessa aqui e vou começar a orar. Se for da tua vontade, o Senhor vai me dar força”. Orei muito, clamei, chorei. O Senhor usou diversas pessoas para falar comigo, em pregações, reuniões de oração.
Eu nunca contava essas coisas na igreja por medo de que as irmãs ficassem com raiva dele e não orassem mais por ele. Uma bobagem. Nunca briguei com ele na frente dos meus filhos. Eles só foram percebendo quando foram crescendo.
As pessoas não imaginavam o que eu passava, pois eu nunca fui de ficar cabisbaixa, sofrida, chorosa. Graças ao meu bom Deus e à minha igreja, eu consegui sobreviver a isso tudo. Não compartilhei tudo, mas contava com as orações de algumas irmãs que sabiam um pouco da minha luta.
Pedi a Deus provas da traição. Um dia ele dormiu enquanto mexia no celular e, como o aparelho ficou destravado (tinha senha), li as mensagens de uma conversa que ele tinha acabado de ter com a amante. Então, solicitei uma reunião com a liderança da igreja e contei tudo. Eles disseram que eu devia ter aberto esse sofrimento todo antes, e me aconselharam sobre o que deveria fazer.
Comuniquei a ele que queria a separação, mas ele não acreditou. Fui à justiça e apresentei para ele os documentos de solicitação do divórcio. Sofri muitas ameaças nesse período, tive medo, mas muita confiança que Deus estava protegendo a mim e aos meus filhos. Chegaram a aconselhar que eu denunciasse as agressões, mas para mim isso era muito difícil, por ser o pai dos meus filhos. Fui sustentada pelas orações de muitas irmãs. A justiça chamou e entramos num acordo. Separamos. Hoje eu perdoei, não tenho mágoa nenhuma dele. Agora vivo aliviada, uma coisa tão gostosa de se viver.
Teve um tempo que eu senti muita culpa. Foi outra parte em que a revista O Clarim me ajudou. Tudo quanto é palavra que vinha, parecia que era para mim: que Deus odeia o divórcio, que não deve haver o divórcio. Palavras que eu ouvia e me faziam adoecer. Eu fiquei tão doente que uma época eu vivia na UPA. Aí Deus foi me tratando. Quando eu li aquela revista que tinha o artigo sobre relacionamentos abusivos (edição 71, de outubro 2018 a março 2019), eu abri a revista um dia e tinha uma frase que dizia “Deus ama a pessoa divorciada” (artigo “Quando o casamento acaba”). Aquilo foi um refrigério para mim. A partir dali eu fui mudando. As irmãs da igreja foi me ajudando. E hoje me sinto amada por Deus e acredito que ele não me condena.
 
Seu ex-marido mostrava desejo de mudar de comportamento?
Durante os anos de casamento, ele foi na igreja umas 04 vezes, mas não foi de coração. Apenas nos momentos que ele aprontava e eu ameaçava abandoná-lo.
Quando eu descobria as traições e dizia que ia me separar, ele pedia perdão e virava um “santo”, me abraçava, beijava, passávamos uns dois meses bem. Nunca quis ir para a igreja, odiava a igreja, o pastor, e tratava mal às irmãs quando iam orar na minha casa. Ele ameaçava rasgar minha roupa na frente da igreja se eu não o obedecesse e continuasse a frequentar a igreja. Mas, mesmo assim eu ia, e ele atrás falando. Eu entrava na igreja e ele ficava lá fora.  E eu não dizia nada a ninguém, pois naquela época essas coisas não eram consideradas violência doméstica, a não ser a violência física até a morte. Então eu achava que não tinha que me queixar. Só ficava orando, clamando a Deus.
Um dia peguei minhas coisas e resolvi ir embora de casa, mas ele pegou meus filhos e não me deixou sair com eles, que se eu tivesse que sair, iria sozinha. Então, mais uma vez eu não fui.
Num outro dia, ele saiu para trabalhar, eu peguei minhas coisas e fui para a casa da minha mãe. Ela não gostou muito, dizia que eu não podia ter deixado meu marido. Ele ficou me perseguindo, parou até de trabalhar. Todos os dias ficava na porta da casa da minha mãe pedindo para eu voltar e dizendo que iria mudar. Então eu voltei, por vergonha por ele estar me perseguindo e dizendo que iria se matar e eu seria a culpada. Quando eu voltei, engravidei. Comecei a conversar com ele e passamos a nos entender como marido e mulher. Ele pontuou meus defeitos e eu os dele, e começamos a tentar mudar, mas tudo tinha que ser sempre vantajoso para ele. Minha única vantagem é que ele não iria mais me perseguir por causa do sábado, mas no domingo eu ficaria com ele e não iria para a igreja. Mas isso durou pouco mais de um mês. Depois passou a me deixar sozinha novamente. Me acusava de coisas que eu não fazia.
Eu orava para que Deus o salvasse, ou eu teria que deixá-lo. Hoje entendo que as mudanças dele, os pedidos de perdão quando ameaçava deixá-lo era tudo mentira.
 
Qual mensagem você deixa para as mulheres que hoje sofrem com a violência?
Um conselho que deixo para as mulheres: não fique esperando, os planos de Deus não se realizam na vida do outro só por sua causa não. Se Deus tiver que salvar ele, vai salvar longe de você mesmo, não precisa estar casada para Deus salvar ele. Se Deus tiver plano na vida dele, vai acontecer, não fique sofrendo violência. Eu me arrependo hoje por não o ter deixado já na primeira traição, de eu ter ouvido as pessoas, de eu ter esperado o Senhor transformar. Se a pessoa não der lugar, Deus não vai transformar. Não é a sua oração que vai transformar a pessoa. A sua oração vai te transformar, pode te mudar, pode te dar atitude. Não me arrependi de tudo, pois amo os filhos que Deus me deu, sempre quis ter, são maravilhosos, servos do Senhor. Não seguiram o pai, apesar de terem sido bombardeados com o mau exemplo dele.
Estou livre, graças a Deus. Não digo que é bom que um casamento acabe, mas quando vem de um histórico de violência, de abusos tão grande, quando você sai é um alívio. Uma coisa te digo, não espere, nos primeiros sinais de abuso saia, não suporte traição. Traição de marido é horrível, eu fui massacrada durante 30 anos de casamento. Se tive 05 anos de alegria foi muito, o restante tudo infelicidade, construímos nada de bom. Apenas nossos filhos.
 
Como é sua vida hoje sem os abusos?
Hoje eu trabalho, com o pouco que ganho, tenho conseguido me sustentar e nada tem me faltado. Meus filhos têm um bom relacionamento com o pai. Graças a Deus estou bem, estou feliz, estou livre. Agradeço muito a Deus por ter cuidado de mim.
 
 
 
 

20 anos SARA – Entrevista

Neste mês de agosto, o Projeto SARA (Semeando Amor, Resgatando Almas) completou 20 anos de existência. Conversamos com algumas das mulheres que fizeram parte da implantação desse lindo projeto de amor, que nos contaram um pouquinho de como tudo começou. Confira aqui.
 
Como e quando surgiu o SARA?
O Projeto Sara surgiu no coração de Deus, que inspirou a diaconisa Rute Sarrazin, à época líder do trabalho feminino da Igreja Adventista da Promessa (IAP) na região Baixo Amazonas, para despertar mulheres a intercederem pelos filhos umas das outras. Lá o projeto já tinha esse mesmo nome e se espalhou com nomes diferentes por várias regionais e igrejas. Após tomar ciência desse movimento e visando engajar o maior número possível de mulheres, a liderança feminina responsável pelo projetos em nível Brasil assumiu os trabalhos.
“O Pr Hernandes Dias Lopes diz no livro Mães Intercessoras que ‘DEUS ESTÁ PROCURANDO MÃES QUE ESTEJAM PRONTAS A SE SACRIFICAR PARA VER OS SEUS FILHOS NA PRESENÇA DE DEUS.’ Mulheres, não fiquem só na dependência de que outra pessoa ore por seu filho, o projeto existe para orarmos uns pelo outros, pois enquanto oro pelo filho de outra pessoa Deus abençoa os meus.”(Nilda Quental)
Essa mesma liderança, à época, soube de um outro movimento chamado Projeto Desperta Débora, coordenado pela irmã Lenira Alice, da igreja Batista. A equipe teve então a oportunidade de conhecer também esse projeto e contou com o apoio e ajuda de suas idealizadoras para a implantação do Projeto SARA.
Em agosto de 2000, o Projeto SARA foi lançado em nível nacional. O lançamento aconteceu na Igreja Adventista da Promessa em Vila Medeiros, São Paulo – SP, com o nome SARA como acróstico de “Semeando Amor, Resgatando Almas”.
 
Quem eram as mulheres na liderança nacional do trabalho feminino daquela época?
O projeto contou com o apoio e engajamento de toda a equipe, na época formada por: Deusa Oliveira, Marli Falcão, Rosinha Gouveia, Dilce G. Paschoal Polvere, Eliude Barros, Francisca M. Escudeiro, Armelinda Pessoa, Elvira Ilse Barreira, Nilda Quental, Sara Brito, Ines Gomes da Silva, Meire Barbosa Correa e Ana Maria N. Dias, Dorinha Ribeiro, Eunice Laplaca e Ivanete Pires da Rocha, Ana Maria Ronchete David e Abisail Madeira Nascimento.
 
Como o Projeto foi divulgado? As lideranças das regionais e igrejas locais prontamente aderiram ao projeto?
O projeto foi divulgado através de folders, sendo que o Pastor Edmilson Mendes criou o logotipo. Também foram realizados encontros e reuniões locais e regionais para a divulgação. Era distribuído um folder em que as mães colocavam seus nomes e dos seus filhos para que outras mães intercedessem por eles. Todas as regionais e igrejas locais que tomavam conhecimento, aderiam ao projeto.
 
Quer compartilhar de algum testemunho, fruto do projeto, de que você se lembre?
Nos dias 16 e 17 de agosto de 2002, no Hotel Pilar, no interior de São Paulo, foi realizado um grande encontro de SARAs de todo o Brasil, onde foram relatados testemunhos edificantes do poder de Deus na vida dos filhos de coração, como curas, retorno ao caminho da salvação. Após dois anos de lançamento, o projeto já contava com mais de mil mães de oração e cerca de dez mil filhos que eram apresentados por elas diante de Deus.
“Um testemunho que me marcou está mencionado na edição 66 da revista O Clarim. Na igreja de Várzea Grande (MT), Igreja Adventista da Promessa (IAP) de Cristo Rei, a diaconisa Osia Rocha dos Santos relata o testemunho do filho de oração Ismael de Oliveira: ‘Nasci no meio evangélico e cresci frequentando a IAP, porém, aos 14 anos me desviei dos caminhos do Senhor. Passei por várias tempestades, terríveis adversidades, até que em 2014 fui acometido por um câncer. Quando eu estava no vale da sombra da morte, tomei a decisão de voltar para Deus. Voltei, pedi o batismo e hoje estou curado graças a Deus, com apoio de todos em oração e jejum. Agradeço a minha família, em especial minha mãe Judith, e minha mãe do Projeto Sara.’” (Deusa de Oliveira)
 
Qual o seu sonho para o Projeto SARA?
Todas as mulheres que participaram ativamente da implantação desse maravilhoso projeto de amor, desejam que ele continue, e que através dele muitas vidas sejam alcançadas e transformadas pelo poder da oração.
“Meu sonho é que esse projeto continue e alcance todos os filhos das irmãs da nossa igreja e quem sabe de outros lugares também, pois vamos orando, as pessoas conhecendo e o Senhor vai fazendo o trabalho, nós somos apenas instrumentos nas mãos dele.” (Rosinha Gouvêa)
 
Deixe uma mensagem para as mulheres que já são mães SARAs e às que ainda não são.
“Ser uma intercessora é ser uma benção. Muitos precisam de você. Se na sua igreja não tem esse projeto funcionando, procure saber, fale com a representante do Ministério de Mulheres local para que seja implantado o Projeto SARA na sua igreja.” (Deusa Oliveira)
“Coloque seus filhos no projeto. A oração é a base de tudo. Nunca desistam de orar, pois podemos orar a qualquer momento, em qualquer lugar. Orar sem cessar. O resultado da oração não precisa ser imediato, podemos nem chegar a ver, mas ele vem. Não desanimem!” (Chiquinha Escudeiro)
“Estamos vivendo tempos de muita dor e sofrimento. Se você, querida mulher, ainda não faz parte desse projeto, tome a decisão de ser uma intercessora de jovens e crianças. Não sabemos qual será o futuro deles, mas se você orar, o Senhor pode mudar a história deles.” (Ana Maria Ronchete)
 
SOBRE O PROJETO ATUALMENTE:
Depois desse período de início de projeto, com o crescimento do número de mães de oração, algumas adaptações foram feitas no formato do trabalho e surgiram algumas novidades.
A última foi a criação do canal Projeto Sara – Mães de Oração no Telegram, com o objetivo de permitir a ampliação do projeto para além das fronteiras denominacionais.
Os testemunhos são incríveis! Faça parte dessa iniciativa.
Para falar conosco e saber mais, escreva para projetosaraoracao@gmail.com
Baixe o aplicativo Telegram e participe do nosso canal: https://t.me/projetosaraoracao
Nossa gratidão a essas mulheres e tantas outras que têm dobrado seus joelhos e apresentado filhos e filhas do coração diante de Deus.
A Ele toda honra e toda glória!
 
Nossas entrevistadas:
Ana Maria Ronchete David
Casada com: Nivaldo Magalhães David
Filhos: Renê Ronchete David e Virginia Ronchete David Perez
Netos: Temos muitos, que amamos muito, todos de coração, nenhum biológico.
 
Deusa de Oliveira Teixeira
Casada com: Pr. Efraim Silvino Teixeira
Filhos: Felipe e Fernanda
Netos: Gustavo e Raphaela
 
Francisca Mlaker Escudeiro
Casada com: Claudionei Escudeiro
Filhos: Érica Escudeiro, Aline Escudeiro, Cláudio Escudeiro
Netos: Felipe, Gisele, Ricardo, Marina.
 
Nilda Quental Pereira
Casada com: Moacir Ricardi Pereira
Filhos: Giane Quental Solera (Genro: Ricardo Roberto Solera); Anderson Ricardo Quental Pereira (Nora: Mônica Goes); Gislaine Quental Pereira
Neta: Anna Luiza Goes Quental Pereira
 
Rosa Gouvêa
Filha: Hermínia Gouvêa Pires de Souza (genro Luiz Carlos de Souza)
Netos: Matheus, André e Priscila
 
 

Alguém grita em silêncio sim.

“Enquanto você viver neste mundo de ilusões, aproveite a vida com a mulher que você ama. Pois isso é tudo o que você vai receber pelos seus trabalhos nesta vida dura que Deus lhe deu. Eclesiastes 9:9 “
Conselho maravilhoso este, não é? Aproveitar a vida com o ser amado.
Deus se alegra quando na união o amor transborda, atingindo a todos que estão à volta, porque Ele é amor. (1ª João 4:16)
Muito se fala sobre a família feliz nos comerciais de televisão, mas a verdade é que na Bíblia o desejo de Deus para conosco é realmente a alegria, a paz e o amor, acredite.
Seria simples viver assim, mas a verdade é que de simples o ser humano não tem nada, não é?
E tantas coisas ocorrem entre quatro paredes além dos risos e da paz desejada. Há violência em muitos lares, falta de paz, compreensão e perdão. E também agressões, tapas e às vezes socos. Forte isso? Muito. E real.
A violência não está somente nas telas da TV, nos filmes e séries… já transcendeu a telinha há muito tempo. Observe!
Já me disseram que a pessoa agredida “grita em silêncio”… Consegue ouvir?
Mulheres escondendo hematomas atrás de maquiagem, meninas usando roupas com mangas longas, olhos cabisbaixos e muita lágrima segurada em público… já encontraram esta cena em seu caminho? Talvez.
Tantos e tantos casos… tantas coisas visíveis que muitos desejam não enxergar.
A Palavra de Deus orienta a desfrutar a vida com quem amamos e todos merecem isso. Deus não faz acepção de pessoas (Atos 10:34), e seu amor é sem limites.
Quem ama cuida, protege, ampara, alimenta… a lista iria longe se houvesse muito espaço aqui. Como você completaria? Quem ama…
No meio familiar precisamos nos sentir amparados e ter um porto seguro. Pelo menos deveria ser assim.
Que possamos orientar, ajudar, educar no sentido de que a violência doméstica deve ser combatida!
Costumo dizer que há um círculo íntimo que a nossa vista alcança. Nesse círculo somos influenciados e também influenciadores. Proponho um olhar mais atento ao seu círculo íntimo… a princípio. Depois, com o tempo, amplie o espaço desse olhar.
E se, nesse momento perceber uma mulher que necessita de ajuda, lembre-se que por aqui estarei pedindo a Deus que conceda sabedoria para você perceber o grito silencioso que, sim, precisa ser ouvido!
Escrito por Genilda Farias, casada com Silas Farias e mãe do Pedro José. Formada em Letras e Pedagogia, congrega na Igreja Adventista da Promessa em Vila Maria -SP/SP.

Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?

O que esse clássico infantil pode nos ensinar sobre a autoestima, ou pelo menos, sobre o que não é autoestima?  Essa madrasta não estava contemplando somente sua beleza e plenamente satisfeita com ela, mas estava buscando comparação com outra pessoa, ou seja, só se sentiria plenamente bela, desde que não existisse alguém para comparar.  Vivia assombrada pela possibilidade de que outra pessoa pudesse ser mais bonita. Isso significa que precisava ter a certeza de que sua beleza era única. Quando buscamos nos comparar a outras pessoas, pode  significar que nossa autoestima ou nosso bem querer, estejam comprometidos.
Quando pensamos em autoestima, logo nos vem à cabeça algo relacionado à beleza física, mas a verdade é que até mesmo mulheres extremamente bonitas podem sofrer de autoestima rebaixada. Portanto, olhar-se no espelho e apreciar apenas os atributos físicos,  não significa ter uma autoestima elevada, inclusive pode ser que esteja escondida atrás dessa  beleza, uma autoestima comprometida.
Quantas vezes nos colocamos diante do espelho e focamos exatamente naquilo que mais reprovamos em nós, o cabelo, o nariz, a boca, os dentes etc, etc e etc e por que não procurar observar melhor partes que não costumamos muito apreciar? Comece a prestar  atenção nos detalhes do seu rosto, corpo, mas não só isso, também procure apreciar a capacidade, sua força, sua inteligência. Se olhe melhor diante do espelho, sem se julgar. Veja a si mesma, aprenda a se apreciar!
Muitas mulheres trazem em sua história alguns estigmas de sua infância e adolescência. Podem ter sofrido, por ouvirem palavras que a ridicularizavam (Bullying)  como, por exemplo; gorda , burra, feia, dentuça, quatro olhos etc . Dependendo do quão significante isso possa ter sido, essas palavras podem ter se transformado em “verdades” dentro de nós e ao longo da nossa história vamos perpetuando esses pensamentos sobre nós mesmas e ao olhar no espelho, não vemos outra coisa senão aquilo que aprendemos  ouvindo de outros, a nosso respeito.
A autoestima é ter certeza de quem você é, é valorizar-se sem comparar-se, é muito mais do quer ser ou sentir-se bela, é sentir-se capaz, sentir-se forte, é se valorizar! Você é o que é, e até que tenha aprendido a apreciar genuinamente o que possui; seus atributos físicos, intelectuais, suas qualidades, suas habilidades, se tornará refém daquilo que acreditou a vida inteira. Não transforme mentiras ditas  a você, em verdades, não perpetue um estigma, não aceite ser rotulada como desastrada, boba, esquisita, feia etc. Só farão com você o que você mesma permitir. Pense nisso! Quando precisamos de autoafirmação o tempo todo, é porque ainda não temos certeza de quem verdadeiramente somos e nem a capacidade que possuímos.
Se veja pela perspectiva de Deus. Ele a viu sendo formada dentro do ventre de sua mãe. Ele aprecia você, pois foi feita à imagem e semelhança do Criador. Ele deseja estar com você na eternidade “Deus já havia resolvido que nos tornaria seus filhos, por meio de Jesus Cristo, pois este era o seu prazer e a sua vontade”. (Efésios 1:5 NTLH). Ele a valoriza e ama com amor incondicional. Fomos feitas para adorar o autor da vida. Se compreendermos perfeitamente isso, não teremos motivos para nos sentirmos insignificantes.
Precisamos reconhecer em nós, nosso próprio valor, portanto, valorize-se! E pense assim: posso não ser perfeita, até porque não preciso e outras pessoas podem até terem qualidades diferentes das minhas ou se saiam melhor em muitas coisas, mas não preciso olhar para isso e perder tempo, ao invés disso, posso começar fazendo uma busca em mim mesma e quem sabe assim, descobrir e apreciar o que vejo no espelho, mas não só isso, principalmente o que vejo dentro de mim o  quão bonita, inteligente e capaz eu sou e com isso não precise questionar o espelho e sim responder para ele sobre o que estou vendo!
Espelho, espelho meu…
 
Rubenita Lacerda Souza é Psicóloga Clínica,  casada com  Waldeci Antônio de Souza, mãe de Abner e Débora, avó da Lara, Pedro e Samuel. Faz parte da Capelania Prisional e do Ministério Vida Pastoral Geral e congrega na Igreja Adventista da Promessa em Vila Joaniza, São Paulo-SP.
 

Violência contra a mulher: rompendo o ciclo

Nenhuma forma de violência é aceitável, seja contra homens, mulheres, jovens ou crianças; aconteça por conta da cor da pele, da etnia, do grupo social, da religião ou questões de gênero.  Porém, a violência praticada contra a mulher tem um contorno diferente: na maioria das vezes ela é praticada pelo simples fato da vítima ser mulher.  Embora esse tipo de violência seja muito comum, há mulheres que dizem nunca ter passado por ela, possivelmente tendo em mente a violência física. Muitas não se dão conta das agressões que sofrem todos os dias e que passam despercebidas de tão naturalizadas que são em nossa cultura.
Difícil imaginar uma mulher que, na rua ou num coletivo, não tenha passado alguma vez pelo constrangimento de uma “mão boba” – quando não outra parte do corpo -, um gesto obsceno ou um xingamento direcionado, na maioria das vezes,  à sua moral; que nunca tenha recebido um convite sexual fora de propósito ou dito sim quando queria dizer não. Felizes aquelas que passam a vida sem ter que ouvir caladas, piadas ou supostas brincadeiras desmerecendo sua inteligência, banalizando seu corpo ou questionando sua dignidade; que não tiveram que abrir mão dos estudos ou da carreira em benefício de um familiar do sexo masculino, ou que não foram desqualificadas no trabalho em função de seu gênero.
Dentre outras coisas, nos acostumamos à ideia de que a mulher deve assumir a maior parte, se não todas as tarefas domésticas, “porque é coisa de mulher”. Diferente dos homens, aprendemos desde cedo que o sacrifício pessoal pelo bem de todos é uma virtude e que para não provocar discussões, devemos nos calar ou assumir culpas que não são nossas.   Não é raro ouvirmos que precisamos nos acostumar com a ideia de que o sexo no casamento pode ser uma imposição e não necessariamente uma dádiva.
Precisamos nos conscientizar de que situações como essas parecem banais para alguns, contribuem para o ciclo de violência que se perpetua contra a mulher, e que em casos extremos, pode custar sua própria vida. Ao contrário do que mostrou um clipe gospel recente, diante de uma agressão, devemos incentivar a mulher a buscar a proteção na Lei, em vez de induzí-la a se calar, contornar a situação ou mudar sua conduta para amenizar o problema.
Podemos lutar por direitos, esperar por aperfeiçoamentos nas leis, que já trouxeram grandes avanços. Podemos ainda trabalhar por mudanças na mentalidade dos homens e da sociedade, mas se queremos viver transformações profundas em relação à violência contra a mulher, precisamos urgentemente aprender a reconhecer e nos defender de suas diversas formas.   É também fundamental que repensemos o modo como nos vemos e nos colocamos nos relacionamentos, como tratamos e julgamos outras mulheres, e principalmente, como ensinamos nossos filhos e filhas sobre o que é ser mulher.
Romi Campos Schneider de Aquino, mãe do Henrique e do Davi, é psicóloga, auxilia seu marido Luciano no pastorado das Igrejas Adventistas da Promessa de Ana Terra e Monte Castelo, em Colombo -PR e integra a equipe do Ministério Vida Pastoral Geral da IAP.
 

Mestre nota 10!

Sabemos que o ensino é capaz de promover transformação social, espiritual e intelectual, porém cabe ao professor o importante papel de mediar o ensino-aprendizagem. Mas quais as características que um professor precisa para que o ensino seja transformador? Ninguém melhor que Jesus, o Mestre dos mestres para nos ensinar as características essenciais de um mestre nota 10.
É inevitável pontuar que para ser um bom professor é necessário AMOR. Pode parecer um clichê, mas se amamos o ensino da Palavra de Deus e amamos nosso próximo, todas as outras qualidades serão consequências. Jesus amou e ensinou os desfavorecidos, ricos, judeus e samaritanos, deficientes, adultos e crianças, enfim ele incluiu todos! E provou seu amor morrendo na cruz por toda humanidade. O professor que ama o ensino do evangelho tem como marcas a paciência, amabilidade, o interesse pelo outro e a dedicação.
Para que o ensino seja eficaz é necessário esmerar-se em sua prática (Rm 12:7), aperfeiçoar-se ou ensinar com a máxima qualidade. Quem tem o dom do ensino precisa ser um incansável aprendiz, aprofundar-se no estudo da Palavra de Deus, examinar as escrituras, ler e pesquisar para que compartilhe com alegria o verdadeiro evangelho.
Para ensinar um aluno com necessidades especiais, antes é necessário aprender quais são as potencialidades e limitações daquele aluno e quais são os recursos disponíveis que viabilizam o ensino capaz de transformar vidas e formar discípulos de Jesus.
Jesus foi um excelente professor e educador, sendo reconhecido e chamado de Mestre. Com ele aprendemos a importância de conhecer os alunos para contextualizar a mensagem que se deseja transmitir, no caso de Jesus ele utilizava as parábolas para ensinar verdades bíblicas. Na Educação Inclusiva é importante ter como ponto de partida as singularidades do aluno para despertar o interesse, a compreensão do ensino principal e a participação na aula.
Jesus foi o exemplo vivo de todos os seus ensinamentos, ele vivia cada palavra e demonstrava em ações. O professor também precisa ensinar na prática, vivendo as verdades do evangelho e assim desafiar seus alunos a serem discípulos de Jesus.
Refletimos sobre algumas características do Mestre dos metres e certamente podemos aprender muito mais com Jesus. Faça uma autoanálise para descobrir quais características você já possui e quais ainda precisa desenvolver. Ore a Deus e peça para que Ele o ajude em suas limitações, para que o amor pelo ensino seja constate, para que ele ilumine sua mente com estratégias e recursos para o ensino eficaz da Palavra de Deus.
 
 

Preciso casar?

Não há realização plena fora dos planos divinos, seja para a mulher casada, seja para a solteira (I Co 7).
Há bons profissionais, mas só a profissão não realiza ninguém; há pessoas bem casadas, mas a realização não se reduz ao casamento. O que traz plena realização para o cristão é poder produzir para o reino eterno, contribuir para a edificação e expansão da Igreja de Cristo e ser útil para a sociedade.
(…) como afirma Paulo: “Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si” (Rm 14.7).
Precisamos observar a diferença entre estar só e viver na solidão. A solidão faz parte da vida humana, não só dos solteiros, há solidão a dois. Há pessoas que vivem com a casa cheia de filhos e netos e que sofrem de profunda solidão.
Psicologicamente, a solidão é um estado emocional e concluímos, portanto, que estar só não significa sofrer solidão.
Conheço pessoas religiosas que vivem debaixo do mesmo teto e não se falam, nunca têm a companhia do parceiro para nenhuma atividade social. Há pessoas que decidem se casar apenas para não ficarem sós, mas depois sofrem duras consequências.
É necessário avaliar a ansiedade para se casar e com quem se casa, para não atender apenas ao apelo dos instintos da nossa sexualidade.
Conscientes de que a nossa vida é para glorificar a Deus por amor a Jesus, vivamos livremente a condição de estar só, abrindo mão do direito de ter um companheiro, desenvolvendo uma riqueza de valores, de caráter e de experiências de autorrealização e satisfação na totalidade do ser em adoração e serviço a Deus, para o seu reino eterno e para sua glória.
 
 
Texto extraído e adaptado do artigo Como viver de forma saudável, sendo solteira, viúva ou divorciada, de Durvalina Bezerra para a revista O Clarim – Edição 63.
 
Para ler mais, acesse: https://fesofap.portaliap.org/conteudo/vida-devocional/leia-mais-sozinha-ou-em-solidao/

Leia Mais: Relacionamentos Abusivos

“Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher.” Já ouviu ou disse esta frase? Agora é hora de olharmos de outra forma este aforismo. Escrevo este texto logo após assistir ao vídeo de um cantor agredindo a ex-mulher na frente do filho de seis anos. E ainda estou perturbada com o vídeo de Luis Felipe Manvailer agredindo a esposa Tatiane Spitzner, em julho último, o mesmo acusado de matá-la. Não preciso fazer esforço para lembrar outros casos, como o assassinato de Eliza Samudio, em 2010. Os episódios de violência contra a mulher são infindáveis, infelizmente. Atualmente, o tema tem se destacado, especialmente após a criação de duas importantes leis.
Uma delas é a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, que carrega o nome da mulher que há 35 anos ficou paraplégica devido a um tiro nas costas enquanto dormia. O autor do tiro? O próprio marido, com quem foi casada 23 anos, nos quais sofreu repetidas agressões. A lei foi feita para a proteção da mulher em casos de violência doméstica. Para isso, a lei criou medidas protetivas para afastar o agressor e prevê apoio à mulher, com aconselhamento jurídico e orientação profissional, inclusive abrigo. A Lei Maria da Penha é reconhecida e valorizada internacionalmente.
Outra lei, de 2015, diz respeito ao feminicídio, para os casos em que o crime foi contra a mulher, por razões de ser do sexo feminino, isto é, quando o crime envolve violência doméstica ou familiar e menosprezo ou discriminação à condição mulher.
Esta prevê uma pena maior para este tipo de assassinato, que é considerado qualificado. Lamentavelmente, nem todas as mulheres conhecem seus direitos ou denunciam seus agressores. É bom que se afirme que o feminicídio é evitável, pois a mulher pode contar com as medidas protetivas e orientações que a Lei Maria da Penha propõe.
Talvez alguém pense que a lei contra o feminicídio seja desnecessária e de origem feminista.
Muitos tomam essa discussão como ideológica, pois alegam que a lei privilegia as minorias, pois os homens são realmente as maiores vítimas da violência. Não vou defender o contrário, contudo é importante destacar que os homens não são mortos pelo fato de serem homens. Em segundo lugar, grande parte das mulheres se sentem privadas do seu direito à liberdade por medo de um estupro ou da acuação do agressor. Em terceiro lugar, se esta lei não tivesse o propósito qualificador, muitas vítimas veriam seu agressor rapidamente solto e as ameaçando novamente. Para nós, cristãos, esta não é uma questão ideológica, mas de igualdade e amor ao próximo.
Dependência emocional
Mulher, não se prive do seu direito de reclamar ou pedir ajuda, se algum tipo de violência (veja box Tipos de violência) acontecer com você. Não viva isso de modo recorrente. Não se cale, denuncie seu agressor ou agressora (sim, o algoz pode ser outra mulher), ligue no 180 ou vá a uma delegacia da mulher. Além disso, não negue ajuda a outra mulher que sofre violência. E mesmo que o agressor faça parte da igreja, não se envergonhe por isso, você é vítima e não a responsável pelo crime.
Talvez você já tenha vivido algum tipo de violência e não conseguiu denunciar. Por que muitas mulheres não conseguem buscar ajuda? Alguns estudos indicam que a dependência emocional é um fator determinante. Dependência é um transtorno psicológico, e se define como concessão extrema, desnecessária e permissiva, em que a pessoa se deixa na responsabilidade total do outro. A pessoa se submete à subjugação afetiva, o faz para não perder o afeto do outro, ou por falta de confiança, ou ainda, medo. A pessoa dependente, por exemplo, permite que o outro tome decisões sobre sua vida, reluta em fazer exigências ao outro, sente-se desamparada quando sozinha por medo de incapacidade de se cuidar.
Outras mulheres são dependentes financeiramente; algumas têm a crença equivocada que o marido pode mudar o comportamento agressivo, e não o denunciam para não perder o relacionamento.
Outras razões para não denunciar seriam a vergonha, a preocupação com os filhos e o medo da falta de punição ao agressor. Para muitas dessas mulheres em sofrimento há serviço de ajuda, como garante a Lei Maria da Penha. E seria interessante buscar auxílio psicológico para ter forças e romper com este ciclo de dependência emocional e medo. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito através do Centro de Atenção Psicossocial (CAPs). Nas universidades em que existe o curso de Psicologia há atendimento gratuito também, além de outras possibilidades como ONGs e profissionais que atendem por valor mínimo com fins beneficentes.
Subjugação
Agora vamos pensar a respeito do menosprezo e subjugação à mulher. Esta questão é tão antiga quanto cultural. Vale lembrar que em nada tem relação com Deus e nem com a ideia de submissão. Esta forma equivocada de tratar a mulher teve início após a queda, no Éden.
Quando Deus criou homem e mulher, os fez nos mesmos termos, ainda que o modo seja diferente (pó e costela). “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.27). Deus os criou com igualdade à sua imagem e deu-lhes as mesmas recomendações no versículo 28 para encher a terra, se multiplicar e dominar os animais. Ao final da criação, Deus percebeu o quanto tudo havia ficado excelente.
Após criar o homem, ficou evidente que no restante da criação não havia correspondente para ele. Então, Deus criou a mulher, correspondente perfeita para o homem. E ele a exalta quando a vê.
Deus e o homem deram a ela o devido valor. Relacionamento maravilhoso, não é?! Havia correspondência entre ambos, havia respeito e dignidade. Contudo, o pecado desvirtuou tudo. Quando lemos o relato das consequências do pecado em Gn 3.14-19, percebemos o quanto foram desastrosas. É importante salientar que este é um cenário de punição. Infelizmente, o padrão de relacionamento entre masculino e feminino, que era saudável, se corrompeu e passou a ser conflituoso.
Observe atentamente a expressão: “Seu desejo será para seu marido, e ele a dominará” (Gn 3.16b). O contexto aqui não tem qualquer relação com a submissão bíblica, que é boa e estabelecida por Deus.
A palavra “desejo”, traduzida, tem o significado de desejo de conquistar. A mulher teria o desejo de usurpar a autoridade do marido, iria desqualificá–lo como líder. E o homem, por sua vez, iria governar a mulher. Esta palavra “governar” não tem a ver com liderança familiar, mas com governo monárquico, não um governo participativo, prudente e gentil, mas ditatorial, com dureza, ou seja, com abuso de autoridade.
Isso mudou a forma de se relacionarem, Adão não lideraria de forma humilde e ponderada, e Eva não se submeteria de forma inteligente e voluntária. Podemos ver outros casos na Bíblia que comprovam esta ideia, como quando Abraão forçou Sara a fingir ser sua irmã para não ser morto e como Raquel sugeriu ao filho enganar o pai, Isaque.
Deus deu a liderança da família ao homem, antes mesmo do pecado. Era uma questão administrativa. Paulo, em Efésios 5.22-24 e Colossenses 3.18-19, ratifica a liderança masculina na família. Isso é diferente de submissão total da mulher em relação aos homens, ou seja, ela pode e deve assumir cargos de liderança em outros contextos. E esta submissão ao marido é definida, deste modo, “como ao Senhor” (Ef 5.22), o que indica que a mulher deve se submeter ao marido como se submete ao Senhor. E recomenda que esta submissão não seja absoluta, pois em situações que o marido a conduz a fazer algo fora da vontade de Deus, ela está desobrigada a submeter-se.
Por sua vez, a liderança do marido segue o padrão: “Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5.25) e “não a tratem com amargura” (Cl 3.19). Amor é tudo o que uma mulher precisa e merece, pois é como aprendeu a ser tratada pelo seu líder maior, Deus. Um marido com esses princípios não trata a mulher com humilhação, violência, egoísmo ou aspereza, mas a trata com dignidade, respeito e considera sua opinião.
Não podemos deixar de levar em conta que a mulher também deve respeito ao marido (Ef 5.33). Ela não deve tomar as rédeas da casa, porque se considera melhor líder, mas deve encorajá-lo a assumir sua liderança. Claro que o descumprimento deste princípio não desqualifica os princípios relacionados aos homens. Um não deixa de cumprir o propósito de Deus porque o outro deixou de obedecer. Obviamente, não falo sobre sofrer violência ou cometê-la.
Jesus e as mulheres
Vamos observar aquele que definiu perfeitamente o padrão de comportamento em relação à mulher, com base no texto de João 4.1-26, a mulher samaritana e João 8.1-11, a mulher pega em adultério. Ambas com moral duvidosa, segundo os padrões cristãos.
Como Jesus as trata? Com dignidade, algo que certamente não haviam recebido de outros homens. E Jesus oferece a elas possibilidade de mudança. À samaritana ofereceu a água que somente ele poderia dar, e à adúltera não condenou, mas a encorajou ao abandono dos pecados.
Jesus é o padrão de valorização à mulher. Sigamos seu exemplo.
A você, mulher, que sofre, conte com o apoio e empatia das outras mulheres cristãs à sua volta. E saiba que Jesus a valoriza tanto que não deseja uma vida de sofrimento e amargura nas mãos de quem não demonstra amor em suas ações. Jesus trata você com dignidade. Aos demais, peço que tenham senso de justiça e empatia, como Cristo.
 
Virginia Ronchete David Perez é psicóloga
 
 

A importância do relacionamento entre gerações

“Uma geração contará à outra a grandiosidade dos teus feitos; eles anunciarão os teus atos poderosos” (Salmos 145.4).
Antigamente uma geração era definida a cada 25 anos, mas atualmente os especialistas apontam que uma nova geração surge a cada 10 anos. Esse conflito de gerações acontece no colégio, na faculdade, no trabalho e também na igreja. Pensamos diferente, porque somos de gerações diferentes.
A diferença entre gerações pode parecer uma linha que divide  o velho e o novo porém, por meio da união e troca de conhecimento entre o moderno e a experiência de vida, podemos contribuir positivamente para que haja interação entre gerações com resultados promissores.
Na vida profissional, por exemplo, o jovem possui a força de vontade. Ele vem com todo o gás, com sonhos, com garra e os mais velhos possuem a experiência, conhecimento e a história dos caminhos percorridos de sucesso e de superação. Uma geração complementa a outra. Na família, os pais ensinam os filhos e os filhos ensinam aos pais.
Não é o velho ou o novo, são gerações que precisam ser entendidas, respeitadas e procurar uma relação de parceria, porque todas as gerações possuem algo para ensinar. Precisamos nos relacionar, entender uns aos outros, unir esforços, respeitar opiniões.
A juventude tem muito a contribuir e cabe a nós agregarmos os seus valores.
Somos a geração Baby Boomer, a Geração X, Geração Y, Geração  Z, somos de todas as gerações e estamos no mesmo tempo, no hoje, no agora.
Gislaine Cuenca Neves é casada com José Otávio Neto, mãe do Matheus, Murilo e Miguel, formada em Administração de Empresas e Gestão Financeira, congrega na Igreja Adventista da Promessa em Vila São Pedro – São Bernardo do Campo-SP e é líder do Ministério de Mulheres Regional da Convenção Paulistana.
 
 

O lugar do homem no combate à violência contra a mulher

Quando se pensa no combate à violência doméstica, em campanha contra o feminicídio, em conquistas justas para as mulheres na sociedade, convém deixar claro que esses temas não pertencem somente ao chamado “mundo feminino”, ou não devem ser objeto de conversas e conscientização só das mulheres, os homens de bem e de paz devem se levantar como defensores e promotores da proteção e combate às injustiças feitas ao sexo oposto.
Aliás, você sabia que existe um dia no calendário brasileiro, reservado para mobilização dos homens pelo fim da violência contra as mulheres? Leia mais sobre isso no final desse texto.
Agora, vamos para um papo aberto e reto com todos os homens.

O “combate” bíblico à violência contra a mulher
 
Olhando para a Bíblia e sua visão da mulher, vemos Deus apresentando-as em igualdade aos homens, embora na esfera familiar  possuam papéis diferentes (e fique claro: não estamos falando de serviços domésticos… isso é assunto para outro momento). No Gênesis, ela é vista como tendo as qualidades divinas da inteligência, sensibilidade, vontade, e governo, por exemplo, porque: Assim Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn 1:27 NTLH). Ver a mulher como tendo a imagem do Senhor é uma concepção que contribui para olhá-la com dignidade e amor. Isso tem que estar presente nos púlpitos e nas rodas de conversas dos cristãos.
O Novo Testamento apresenta uma série de destaques a esse olhar de igualdade e valorização feminina. Quando fala do contexto de casamento, o apóstolo Paulo trata a submissão como parceria na família, nunca como menosprezo e indignidade (Ef 5:22-24). Aliás, antes de falar da sujeição da esposa no casamento, o apóstolo nos dá um mandamento: Sujeitem-se uns aos outros no temor de Cristo (Ef 5:21). O equilíbrio nas relações, entre homem e mulher, é ensinado tanto na esfera familiar como na sociedade e na comunidade cristã.
Mas o mais radical e surpreendente é o cuidado com o qual Paulo trata do respeito de maridos para com suas esposas. O tratamento que o esposo dá à mulher é baseado no exemplo de amor de Cristo para com a Igreja. E ainda mostra porque o homem deve dispensar um cuidado tão especial: Porque ninguém jamais odiou o seu próprio corpo. Ao contrário, o alimenta e cuida dele, como também Cristo faz com a igreja (Ef 5:29). Veja que é no ambiente familiar que o apóstolo mais reforça a importância de um tratamento digno, protetivo e não violento à mulher. De certa maneira, podemos tirar deste comportamento conjugal exemplo do tipo de trato que todos os homens, especialmente os cristãos, devem ter para com as mulheres, pois: …não existe diferença entre judeus e não judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo Jesus (Gl 3:28 NTLH).
Concretamente falando, homens cristãos não podem olhar para a mulher como a cultura, que a subjuga em posição de inferioridade. Não deve permitir que homens violentos tenham espaços nas relações com elas. Devemos ser combativos, trazendo à tona este tema em rodas de conversas nas nossas igrejas; os números disponíveis pelos governos devem ser divulgados e a denúncia no 180 deve ser uma ação sempre praticada, já quando há quadros de violência verbal, evitando que a violência física seja praticada. Denunciar não é pecado, afinal …a autoridade é ministro de Deus para o seu bem. Mas, se você fizer o mal, então tenha medo, porque não é sem motivo que a autoridade traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar quem pratica o mal (Rm 13:4).
O combate à violência doméstica antes de ser uma pauta feminina e/ou masculina, é uma pauta cristã! Portanto, é coisa de homem sim! Os homens cristãos devem abraçar o debate, combater a violência e dar ao assunto a importância, visibilidade e olhar cristão que ele merece. Na violência doméstica devemos lembrar que o combate vai muito mais além da oração.

6 de dezembro: Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência Contra as Mulheres[1]
 
O Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência Contra as Mulheres é datado anualmente em 6 de dezembro. A campanha, conhecida como “Laço Branco”, busca conscientizar o público masculino para lutar esse combate em relação às mulheres.
A data criada no Brasil para lembrar a importante pauta, é uma alusão ao que ocorreu em 1989, quando homens se mobilizaram para distribuir laços brancos e falar sobre o tema, após o genocida Marc Lepine invadir uma escola politécnica em Montreal, Canadá. Lepine pediu a retirada dos homens da sala de aula, e assassinou 14 mulheres na ocasião. O ocorrido, 6 de dezembro daquele ano, ficou conhecido como o “Massacre de Montreal” e gerou esse marco em todo mundo. Até o dia 25 de dezembro, foi estabelecido pela ONU como o Dia Internacional de Erradicação da Violência contra a Mulher.
No dia 6 de dezembro diversas entidades de governos e sociedade civil, além da distribuição de laços brancos, promovem debates, passeatas, fóruns públicos, conscientização da participação masculina no debate e combate à violência. Homens são chamados em parceria para ajudar nas conquistas femininas.
Andrei Sampaio Soares, Diácono na Igreja Adventista da Promessa em Benguí – Pará,  teólogo e graduando em jornalismo.

Não, eu nunca sofri violência doméstica! Será?

Quando pensamos em violência contra a mulher, é muito comum associarmos somente à violência física, por causa das marcas visíveis que são deixadas nas vítimas. Mas existem outras formas de agressão silenciosas, que também matam mulheres diariamente ao redor do mundo. Geralmente a violência inicia-se de forma sutil e disfarçada e vai sendo incorporada aos poucos no relacionamento, podendo ser facilmente confundidas com ciúmes ou uma forma de proteção do agressor em relação à sua vítima.
Segundo o artigo 7º da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), são formas de violência doméstica e familiar contra a mulher: I – a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; II – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause danos emocional, que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição e qualquer outro meio de controle que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada (mesmo que com o cônjuge/ parceiro) ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos. IV – a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; V – a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Estudos apontam que a relação abusiva possui um ciclo de violência e é observado em três fases: primeiramente TENSÃO, comportamento ameaçador, agressões verbais (ofensas, humilhações), destruição de objetos da casa, intimidação e manipulação, por isso é comum nessa fase a mulher se sentir responsável pelas explosões do agressor e procurar justificativas para o comportamento violento. A segunda fase é a AGRESSÃO, comportamento efetivamente descontrolado que leva à concretização de algum ato ainda mais violento. E por fim a fase da LUA DE MEL, posição de arrependimento por parte do agressor, onde ele promete mudar de comportamento e temporariamente torna-se atencioso e carinhoso, levando a vítima a ceder.  A frequente repetição do ciclo leva a mulher à culpabilização, descontrole emocional, prejuízos físicos, relações de desamparo e afastamento social.
Imaginamos o perfil do agressor como um homem visivelmente agressivo em todos os ambientes de convívio, o que é possível, mas não devemos generalizar. Em muitos casos pode ser alguém que a comunidade tem como um homem comum, querido e até mesmo um parceiro honrado e dedicado. Por esta razão, a mulher pode permanecer muito tempo em uma relação violenta e enfrentar dificuldades para procurar ajuda, pois se sente também desprotegida socialmente. Portanto, podemos dizer que a raiz da violência contra a mulher está intimamente ligada a estrutura da sociedade, onde impera a visão de que faz parte de ‘ser mulher’ suportar algumas situações e que homens possuem direitos de controle sobre mulheres, e isso acaba por neutralizar alguns aspectos violentos.  Diante disso, torna-se vital lutarmos pela valorização da mulher, por relações familiares e sociais saudáveis e justas e investirmos em educar todo ser humano, seja ele homem ou mulher para respeitar e preservar uns aos outros.
Mulher, absolutamente nada deve justificar uma agressão! Relações saudáveis elevam pessoas não as destroem, não confunda cuidado com controle. A Palavra de Deus nos ensina que o amor é benigno e respeitoso, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade (1Coríntios 13.4-6).
Se você que lê este artigo se identificou com qualquer das formas de violências citadas, primeiro se sinta acolhida e saiba que você não precisa sofrer calada e sozinha. Busque ajuda! Ou se você conhece alguém nessa situação, não se omita, acolha. Se no seu município existe um desses serviços para atendê-la, você pode procurar apoio e orientação neles: Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) e Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs). Ou Ligue 180, a Central de Atendimento à Mulher é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres em todo o Brasil. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados.
 
Jéssica Fernanda Pupo Vermelho, psicóloga especialista em Saúde Mental, casada com Yuri Vermelho e congrega na Igreja Adventista da Promessa do Jardim Urano em São José do Rio Preto-SP.