Japão: o retrato da limitação humana

O Japão está de luto, apesar do baixo número de mortos causado pelo terremoto de magnitude 9, seguido por um tsunami que atingiu fortemente a costa nordeste, na sexta feira, dia 11 de março. Trata-se de uma das piores catástrofes ocorridas no mundo. Até esta data, há mais de 4.000 mortos e cerca de 9 mil desaparecidos. Muitas famílias japonesas choram os seus mortos, o Japão sofre as consequências da calamidade e o mundo, lamenta de “mãos atadas”. Há falta de alimento, a comunicação é limitada e as estradas, intrafegáveis. A devastação é enorme, assim como o desespero daqueles que perderam familiares e tudo o que tinham. Muitas cidades costeiras se transformaram em verdadeiras zonas de lixo.
Mas o país estava preparado para o pior. Foi bem sucedido em comparação ao Haiti, que sofreu um terremoto de magnitude menor, mas com o número de mortos bem superior, que chegou a mais de 200 mil.
Com o terremoto e com o tsunami, as autoridades japonesas já contavam. Todavia, não esperavam a explosão de três reatores na usina nuclear localizada na cidade de Fukushima.

A Agência Internacional de Energia Atômica confirma que houve liberação de radiação na atmosfera após a explosão.* Agora, uma nova e grave crise instalou-se ali, a crise nuclear. Para ter dimensão da gravidade da situação, o acidente em Fukushima atingiu o grau 6; o grau máximo é 7! O país volta a conviver com a terrível lembrança de 6 de agosto de 1945, quando a bomba nuclear foi jogada sobre a cidade de Hiroshima.
Por mais que uma nação esteja preparada, nem sempre poderá evitar que o mal lhe sobrevenha. O homem tem as suas previsões baseadas em suas estatísticas, as quais são precisamente calculadas por meio de um grande aparato tecnológico. Mas ainda assim, não consegue ter a noção de tudo o que possa, de fato, vir a lhe acontecer. Queiramos ou não, as nossas ideias ou ideologias, as minúcias do nosso conhecimento em várias áreas da ciência não são suficientes para atender a todos os nossos anseios. E por que não? Por que somos limitados! O Criador é ilimitado, onisciente, onipresente e onipotente, mas a criatura, não. Diante da tragédia, a nossa limitação se torna ainda mais nítida.
Em relação aos acontecimentos estranhos que ocorrem na vida humana, Deus é enfático em sua afirmação a respeito da limitação humana: Com toda a sua sabedoria, os seus sábios não poderão explicá-las, e o conhecimento dos que são instruídos não adiantará nada (Is 29:14b). O que fazer diante dessa realidade? Buscar refúgio em Deus, poisele é o nosso refúgio e a nossa força, socorro que não falta em tempos de aflição (Sl 46:1) e confiar na sua misericórdia. O salmista conclama a todos: Abram o coração para Deus, pois ele é o nosso refúgio (Sl 62:8b). As pessoas erram quando confiam somente nas próprias forças. Quando imaginam que conseguirão chegar muito longe sem a ajuda divina. Esse é um pensamento equivocado. Evitemos cair no mesmo erro.
Ms. Jailton Sousa Silva, colaborador do DEC (Departamento de Educação Cristã) da Igreja Adventista da Promessa.

Terra: uma irmã, por vezes, hostil!


O tsunami no Japão nos faz lembrar que, um dia, a hostilidade da “irmã natureza” dará lugar ao ambiente amistoso de novos céus e nova terra
“Albert Einstein fez, certa vez, a mais importante pergunta de todas: ‘O universo é um lugar amistoso?’* Há quem diga que sim. E há base para se afirmar isso. A terra é o único planeta do nosso sistema solar que oferece condições climáticas e orgânicas necessárias para a existência dos seres humanos. O que nos leva a entender que este planeta fora criado especialmente para abrigar a nossa espécie. As evidências disso estão por toda parte.

Por exemplo, “se a lua estivesse mais próxima da Terra, resultaria em marés enormes, que fluiriam sobre a terra nas planícies e provocariam erosões nas montanhas (e com os continentes nivelados, calcula-se numa estimativa, que a água cobriria a terra na altura de 24135 km)” *. E “se ela girasse mais lentamente em torno do seu próprio eixo, toda a vida morreria na hora, ou por congelamento à noite por falta de calor do sol, ou por excesso de calor durante o dia” *. Isso prova que este planeta foi minuciosamente arquitetado e milimetricamente criado para nos receber e nos abrigar.  De fato, a terra é como uma mãe que afaga seus filhos no abrigo de seus ternos braços. Não é a toa que alguns ambientalistas a chamam, apaixonadamente, de “Mãe Terra”.
Mas, falando nisso, de onde será que eles tiraram essa idéia de chamá-la de “mãe”? Da Bíblia é que não foi! As Escrituras Sagradas apresentarem a terra não como nossa mãe – como o fazem os ambientalistas –, mas como nossa irmã. Isso mesmo, afinal de contas, temos o mesmo pai: o Criador. Para G. K. Chesterton, o ponto principal do cristianismo era a afirmação de que “a natureza não é nossa mãe: ela é nossa irmã”*.  Somos gerados a partir da ação amorosa e criativa de Deus. Aliás, por sermos irmãos, na queda, a terra teve o mesmo destino que o nosso: a corrupção.
O apóstolo Paulo, ao escrever aos romanos, diz que a natureza, juntamente com toda a humanidade, encontra-se em um estado de “escravidão e decadência” (Rm 8.20 NVI). Quando caímos, ela também caiu conosco. Desde lá, as coisas não foram mais as mesmas. Em nossa alma, nasceu o mal, com todas as suas tristes nuanças e em nossa “irmã natureza”, coitada, os “espinhos e ervas daninha” (Gn 3.18 NVI). A harmonia do Éden deu lugar à desarmonia do cosmo. Ela nem é sempre hostil, é verdade. Pra sermos honestos, em sua maioria, nós é que somos. Mesmo assim, às vezes ela se revolta, mostrando toda sua força e fúria indócil.

A catástrofe natural que ocorreu no dia 11 de março de 2011 no Japão é prova de que a terra é uma irmã, por vezes, hostil. Desta vez, não fomos diretamente responsáveis pela tragédia, pelo menos é o que dizem os especialistas.  O tsunami, bem como o terremoto que o provocou, foi considerado um evento “normal”, pelo fato de ter sido desencadeado por um fenômeno natural, como é o movimento das placas tectônicas. Ainda assim, a incrível força com que ele varreu o litoral do país e a inexplicável violência com que matou milhares de pessoas nos faz lembrar o quanto a natureza pode ser agressiva. A verdade é que não sabemos o que dizer diante de desastres naturais como este. Não podemos emitir juízos, tão pouco explicar sistematicamente o evento e suas causas. As perguntas certamente surgem em nossas mentes, como de costume.
Entretanto, nestes momentos devemos seguir o exemplo do Jesus. Ele também presenciou uma tragédia natural enquanto esteve aqui na terra. Um acontecimento inesperado surpreendeu a todos em Jerusalém: uma torre em um bairro da cidade caiu – provavelmente por causas naturais, como fortes ventos – deixando 18o mortos (Lc 13.4). Jesus não afirmou ser Deus o culpado pelo incidente, assim como não explicou a todos o “porquê” das tragédias naturais. Isso nos ensina que diante das calamidades é preciso confiar no caráter do bom Deus e não ficarmos afoitos por encontrar culpados ou respostas. Resta-nos solidarizar com as vítimas de enchentes, tufões, tsunamis, terremotos ou tornados sem a mínima pretensão de oferecer uma explicação plausível. Os japoneses não precisam de respostas neste momento, mas de conforto e afeto humano. É isso que nós, cristãos, devemos oferecer a eles.

Ainda assim, mesmo que nos falte resposta para a tragédia natural do Japão, resta-nos, contudo, uma viva esperança: um dia, as tragédias e as catástrofes naturais terão um fim! Que os que sofrem por esta tragédia saibam disso! Quando Jesus voltar, a hostilidade de nossa velha “irmã natureza” dará lugar ao ambiente amistoso de novos céus e nova terra. “Pois a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.21). Até lá, que Deus nos ajude!
Kassio F. P. Lopes é missionário em Corumbá (MS).

1- Philip Yancey. Alma Sobrevivente. Sou Cristão, Apesar da Igreja. Ed. Mundo Cristão, 2004, p. 56.
3- Idem.
4- G. K. Chesterton. Ortodoxia. Ed. Mundo Cristão, São Paulo 2008, p. 185.

Liberdade no Egito?


Confiados em sua própria força, os egípcios comemoram a vitória sobre a ditadura. Mas que desafios vão enfrentar: um mar para atravessar ou uma longa caminhada no deserto?
Houve um tempo, centenas de anos antes de Cristo, em que a nação dos hebreus viveu sob regime de escravidão, no Egito, sob a tirania do faraó Ramsés. Naquela época, incapaz de uma iniciativa eficaz para dar fim ao sofrimento, o povo foi liderado por um profeta, que recebera do próprio Deus tal incumbência. A liberdade, enfim, chegava aos israelitas. Não pelas próprias forças, tampouco empunhando armas – visto que pouco podiam fazer diante do poder do exército de Ramsés. Mas pela mão daquele que decidira libertá-los: o próprio Deus.
Moisés, hebreu de nascimento e egípcio de criação, foi o instrumento escolhido pelo Todo-Poderoso para a missão que parecia impossível. Como não há barreira que seja intransponível para Deus, os hebreus marcharam para fora dos domínios de faraó e puderam comemorar com grande festa. Aquele dia foi para eles como um memorial para ser lembrado através das gerações (Êx 12:40-42), porque os tirou da terra do Egito.
A história está se repetindo, num certo sentido. Mas, desta vez, não são os israelitas que comemoram a libertação, mas os próprios filhos da nação egípcia. Na data que entra para a história como o “Dia da Vitória”, centenas de milhares de pessoas comemoram com uma oração na praça Tahrir, no Cairo, o fim da opressão vivida sob a ditadura de Hosni Mubarak.
Os egípcios do nosso tempo lutaram trinta anos até conseguirem a liberdade – que hoje em dia atende pelo nome de “democracia”. Agora que acreditam tê-la alcançado, pergunto se estão, realmente, livres. Quais os próximos passos da caminhada? Que desafios os aguardam? Há um mar para atravessar ou uma longa caminha a ser feita no deserto? Há uma cidade que mana leite e mel a ser habitada? Há promessas de um nova e definitiva liberdade a ser conquistada no futuro?
São duas grandes vitórias, certamente. A dos hebreus, no passado e, agora, a dos egípcios. O paralelo que desejo construir entre esses dois diferentes momentos históricos, contudo, apresenta uma diferença essencial, que põe fim a qualquer comparação. Falta aos egípcios contemporâneos a figura do profeta Moisés e a presença do Deus de Israel, que promoveu com força e poder incomparáveis a alforria dos oprimidos do passado. Falta a noção da ação sobrenatural, do mover de Deus enquanto, por outro lado, sobra autoconfiança e crença na conquista pelo mérito meramente humano – a julgar pela euforia orgulhosa dos personagens históricos do feito mais recente, amplamente exibida em todos os meios de comunicação.
A ocasião nos faz lembrar que lutar por nossos direitos, resistir à opressão e ser vitorioso na batalha são coisas que devemos buscar sempre. Mais importante que isso, porém, é entender que muito melhor é encarar os desafios da vida com a ajuda de Deus, reconhecendo que é ele quem cuida, dirige e luta por nós.
Com Deus, a comemoração dos egípcios certamente seria mais alegre e completa. Como Moisés, eles poderiam dizer: “cantarei ao Senhor, porque gloriosamente triunfou (…). O Senhor é a minha força, e o meu cântico; ele se tem tornado a minha salvação; é ele o meu Deus, portanto o louvarei; (…) O Senhor é homem de guerra; Jeová é o seu nome. Lançou no mar os carros de Faraó e o seu exército; (…) Quem entre os deuses é como tu, ó Senhor?”. (Êx 15:1-4, 11)
Pb. Marco Murta

Homenagem a um santo homem de Deus

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“Eis que tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus” (II Re 4.9).
Qual o conceito que as pessoas em geral têm do pastor? Quem dera todos tivessem uma percepção senão igual, ao menos próxima da que tinha a mulher sunamita a respeito do profeta Eliseu, cujo personagem analisamos para representar a figura do pastor. Ela disse a seu marido: “Eis que tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus”.
Quero chamar a atenção para duas expressões contidas nesta declaração. A primeira é “tenho observado”. Note que tal declaração não tinha como causa primária uma espécie de revelação do Espírito Santo (algo sobrenatural), embora reconheçamos sua influência nessa declaração. A constatação de que Eliseu era um santo homem de Deus aconteceu após um período de observação quanto à sua maneira de ser, de pensar e de agir.
Uma forte relação de confiança foi desenvolvida entre Eliseu e a mulher sunamita, até que ela propôs ao seu marido a construção de um pequeno quarto em sua residência, exclusivamente para hospedarem-no sempre que passasse por ali. Eis aqui um indicativo de que um santo homem de Deus, o pastor, é pessoa digna de confiança.
A segunda expressão é “este que passa sempre por nós” . Isso revela o comportamento de um homem que se relacionava com as pessoas, que as visitava em suas casas e que as conhecia de perto. Eliseu ilustra uma importantíssima ação pastoral que demonstra a preocupação e o cuidado do pastor para com as pessoas redimidas por Jesus.
Há outra atitude do profeta Eliseu que merece destaque e está registrada em II Reis, cap. 5. 15 e 16. Após ter sido utilizado por Deus como instrumento para a cura de Naamã, chefe do exército do rei da Assíria, este ofereceu presentes a Eliseu, porém, ele nos ensinou duas lições dignas de louvor. A primeira é que um santo homem de Deus não é um mercenário, ou seja, não usa o nome de Deus, a Palavra de Deus, e muito menos o poder de Deus, em proveito próprio, objetivando lucrar com isso. A pecha de mercenários, atribuída a pastores que se autodenominam homens de Deus – situação muito comum nos nossos dias, infelizmente – não se harmoniza com o caráter e tampouco com as ações de um “santo” homem de Deus, reconhecido como tal, não por si mesmo, mas pelos outros.
A segunda, é que um santo homem de Deus não adota um comportamento de bajulação para com os mais favorecidos financeiramente, nem para com as pessoas investidas de autoridade, como se elas fossem mais importantes e merecedoras de maior respeito e de maior consideração em relação às demais. Eliseu nos mostra que um santo homem de Deus não se submete a isso e nem precisa desse tipo de artifício em seu ministério. Observe o tratamento dado a Naamã em II Reis 5.9-11.
Por fim, outro aspecto que pesou para credenciar o profeta Eliseu como um santo homem de Deus, foi sua autoridade espiritual, exercida não com base em conhecimento teórico, mas como fruto de sua vida com o próprio Deus.
Caríssimo pastor promessista, sabemos que você é um pequeno servo do Deus Altíssimo. Considere-se assim, aja assim e viva assim. Por outro lado, como consequência de sua maneira de ser e de servir, a exemplo do profeta Eliseu, almejamos que as pessoas e as igrejas que você pastoreia ou já pastoreou tenham-no em alta estima e consideração, assim como nós o temos.
A Ele, por Ele e para Ele, toda a honra e toda a glória, hoje e sempre. Amém!
Diretoria Geral Executiva