Ancorados na esperança

Em meio às tempestades, os barcos precisam firmar suas âncoras em lugares profundos

“Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos poderosa consolação, nós, os que nos refugiamos em lançar mão da esperança proposta; a qual tem como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até o interior do véu” (Hb 6.18,19)
Ao alcançarmos certa idade, começamos a fazer uma retrospectiva da vida em busca das vitórias obtidas. Por vezes somos tentados a parar diante de uma lembrança triste, uma perda ou fracasso… Eu não sou diferente. Nestes momentos, lembro-me da “mão salvadora” que esteve segurando a minha vida e levou-me adiante em uma jornada de fé e crescimento.
As tempestades surgiram e, apesar dos anos de vida que já acumulei, não deixarão de existir. No entanto, o lugar onde tenho firmado minha “âncora” fez e fará sempre a diferença. Temos como âncora da nossa alma o sacrifício do nosso sumo sacerdote, Jesus Cristo.
As promessas de que “le estaria comigo todos os dias de minha vida e que me ama incondicionalmente são a garantia de que minha vida chegará sempre ao porto seguro, impulsionada pelo vento do Espírito Santo de Deus.
Nossa esperança é segura e inalterada, ancorada em Deus, da mesma maneira que um navio se ancora firmemente no fundo do mar.
A natureza de Deus e suas promessas são imutáveis. Deus é a verdade, portanto, podemos confiar em suas promessas para nossas vidas. Essa segurança traz-nos ânimo e confiança.
Onde você tem ancorado? Sua esperança está em si mesmo e na sua capacidade?
Minha oração é para que em meio às tempestades possamos trazer à memória o que nos pode dar esperança : as misericórdias e a fidelidade do Senhor que são grandes e sem fim. (Lm 3.21-23).

Ilma Farias de Souza é ministra de Educação Cristã, pedagoga, esposa de pastor, da Primeira Igreja Batista da Enseada no Guarujá (SP) e professora do Seminário Betel Brasileiro em Praia Grande (SP).

O Cristo que traz esperança

Mesmo quando o cortejo da desesperança está presente

“E aconteceu que, no dia seguinte, ele foi à cidade chamada Naim, e com ele iam muitos dos seus discípulos, e uma grande multidão;
E, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade.
E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores.
E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o levavam pararam), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o que fora defunto assentou-se, e começou a falar.
E entregou-o à sua mãe.
E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo.”Lucas 7:11-16
No decorrer da Bíblia Sagrada, encontramos o relato de oito ressurreições (fora a de Jesus). Destas, três podem ser encontradas no Antigo Testamento e 5 no Novo Testamento: o filho da viúva de Sarepta, o filho da Sulamita, o homem lançado sobre o sepulcro de Eliseu, a filha de Jairo, Lázaro, o filho da viúva de Naim, Êutico e Dorcas.
Mas vamos meditar sobre a ressurreição do filho da viúva de Naim. Em meio a um cortejo de desespero e desesperança, Jesus trouxe esperança e alegria para uma mulher que havia acabado de perder o que tinha de mais precioso, o seu único filho. Quantos de nós também temos sido assolados pelo desespero e pela desesperança? Quantos de nós não conseguimos ver uma solução para os nossos problemas e nossas dificuldades?
É interessante observarmos que ao chegar até a cidade de Naim, Jesus encontrou várias pessoas seguindo um cortejo fúnebre, acompanhando uma viúva que estava prestes a enterrar o seu único filho. Certamente, este cortejo estava marcado pelo desespero, tristeza e desesperança. Enquanto estavam saindo da cidade, as pessoas que faziam parte de tal cortejo encontraram-se com um grupo completamente diferente: são as pessoas que estão com Jesus. Tais homens e mulheres celebravam a vida, a esperança e a paz.
O cortejo fúnebre estava chorando a perda do filho da viúva, no entanto, algumas pessoas que faziam parte dele deveriam também estar se lamentando pela própria situação vivida por essa mulher. Naquela época, a mulher não possuía qualquer valor, era considerada alguém inferior. O valor de uma mulher estava atrelado ao homem: primeiramente seu pai e depois seu marido. Quando ficava sozinha, a mulher deveria arrumar um jeito de sustentar-se sozinha. No primeiro século, mulheres não podiam herdar propriedade dos seus maridos. As propriedades familiares eram transferidas aos filhos e, em casos especiais, para uma filha. Uma mulher viúva sem filhos estava completamente desamparada.
No caso específico desta mulher mencionada em Lucas 7, ela já havia perdido a sua fonte de segurança (o marido) e agora estava prestes a enterrar o seu único filho (que para ela, representava a esperança de dias melhores). A esperança dela de uma família feliz e de uma velhice tranquila e segura desmoronou.
Diante desse quadro desesperador, era natural que o cortejo fúnebre chorasse também pela desesperança, tristeza e desespero de ver as esperanças desta mulher serem sepultadas junto com o seu filho. No nosso caso, qual tem sido a razão da nossa desesperança ou do nosso desespero? É aquele problema que não conseguimos solucionar, aquela enfermidade que tem nos afligido, aquele pecado ou vício que não conseguimos vencer? Às vezes, ficamos como aquela mulher ou como algumas pessoas do cortejo fúnebre, chorando em meio à dor e à desesperança. Parece que nada e ninguém podem nos ajudar. Sentimo-nos abandonados por todos. Quem nunca se sentiu assim?
No entanto, algo estava prestes a mudar para a vida desta viúva: o versículo 13 nos mostra que Jesus a viu. Jesus viu a dor, o desespero e a desesperança desta mulher e foi ao encontro dela, ainda que ela não o tenha visto primeiro. Isso pode acontecer também conosco. Desesperamo-nos e nos desesperançamos com aquele projeto que nunca deu certo, aquele problema profissional complicado de resolver, a necessidade financeira que vivemos, a perda de um ente tão querido. No entanto, Jesus nos vê e deseja estar conosco! Em muitas situações nos sentimos tão desesperançados que não percebemos que Cristo está perto de nós, disposto a ressuscitar a nossa esperança, a nossa alegria e a nossa paz nele!
As pessoas do cortejo fúnebre choravam, mas elas também sabiam que nada poderiam fazer para ajudar aquela viúva. Porém, a Palavra de Deus nos mostra que quando Jesus viu a mulher, sentiu compaixão por ela. Cristo sabia bem quais eram as dificuldades e limitações que uma mulher sozinha enfrentava, e assim, teve grande misericórdia dela. Da mesma forma, Cristo age conosco: ele tem misericórdia de nós. Ele se importa com a nossa vida e atua em nossa vida com graça e compaixão. Nada pode nos separar do seu amor que se renova todos os dias, manhã após manhã.
Cristo faz mais do que sentir: ele quebra o protocolo, pára o cortejo e ordena ao rapaz que se levante. Diante de um cortejo de desesperança, Cristo traz a esperança para essa mulher ao ordenar que seu filho morto levante-se. Por isso, podemos ter a convicção de que em meio à desesperança, à dor, ao desespero causado pelas lutas, pelos problemas, ou pelo pecado, somente Cristo pode trazer esperança para nós. Ele é a fonte e a razão de nossa esperança!
No versículo 14, podemos ler que Jesus deu a ordem e o menino ressuscitou! Nós que somos mães, podemos bem imaginar a alegria desta mãe em ver o seu filho ressuscitado! Além do filho, Jesus ressuscita também a esperança, a alegria e a paz desta viúva! Ele demonstrou para ela e demonstra para cada um de nós que não há dificuldade ou adversidade que não possamos vencer, se estivermos com a fé alicerçada nele!
Finalmente, é interessante observarmos que quando a multidão comparou Jesus com um profeta, provavelmente estava comparando Cristo a Elias e Eliseu (que foram usados por Deus para ressuscitarem mortos (1 Reis 17: 18 – 24; 2 Reis 4: 32- 37). No entanto, estes homens tiveram de orar e esperar para que Deus devolvesse a vida a eles. Por sua vez, Jesus apenas ordenou e o jovem reviveu, numa clara demonstração de que era realmente o Deus que possuía poder e domínio sobre todas as coisas, até mesmo sobre a morte.
Sendo assim, confie em Cristo, e entregue sua vida a ele, pois somente ele pode perdoar os seus pecados e trazer esperança em meio à desesperança, alegria em meio à tristeza e paz em meio ao desespero!

Dsa. Claudia Duarte congrega na IAP em Votuporanga (SP) e é diretora do Departamento Infantojuvenil Regional