Uma experiência extraordinária

Saber que fomos separadas por Deus, para servir, é algo indescritível

“Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres. (Ef 4:11)
O ministério pastoral pode ser descrito de muitas maneiras e exercê-lo significa realizar tarefas diversificadas. Os pastores são criados por Deus para serem pastores. Não é uma questão de escolha. Eles não escolhem ser pastores, mas são escolhidos de acordo com o plano e propósito divino e muitos são separados desde o ventre. (Jr 1:5).
Ser pastor não é uma questão de possuir uma coleção de dons espirituais, mas é um dom próprio.
Saber que foi separado por Deus é, com certeza, magnífico. Depois de ter conhecimento pessoal de Jesus Cristo como Senhor e Salvador, ter certeza desse chamado é a garantia de conservar-se na rota correta do ministério. É saber que os altos e baixos da vida ministerial serão ao lado daquele que tudo pode, é confiar que foi autorizado para pregar a Palavra e ministrar os sacramentos, é saber que foi escolhido para ouvir a confissão de pecado, sem julgamentos. É ter a certeza de que Deus é a sua força enquanto executa suas tarefas.
Viver ao lado de um homem chamado por Deus para tratar, aqui na Terra, de coisas eternas é um privilégio, apesar de experiências dolorosas e cheias de ansiedade, em certas ocasiões.
Vivemos o ministério com intensidade porque acompanhamos a vida de nosso companheiro. Vemos a sua preparação diária, seu sucesso, fracassos, esgotamento, relacionamento com a congregação e deveres familiares.
Dividimos sua presença com a comunidade, ouvimos suas orações diárias e clamores pela Igreja do Deus vivo, pela sua casa, ministério e pela sua vida. Escutamos o testemunho de vidas que são abençoadas e alcançadas através do poder de Deus.
Lamentamos sim, sua ausência, por conta das atribuições inerentes a sua função e viagens, mas sabemos que ele é um representante de Deus que inspira confiança, que celebra a amizade com os membros, que aplica seus conselhos dentro de um contexto bíblico, que ministra a Palavra de Deus, orando para que Cristo seja o centro da vida de cada um.
O ministério pastoral envolve sempre duas coisas: aprender a ouvir a voz de Deus e aprender a ouvir o ser humano. Aprender a amar as pessoas com compaixão é absolutamente necessário, mas conhecer, amar a Deus e a sua vontade é imprescindível e temos que entender isso.
Saber que o pastor foi chamado para pregação, ensino, visitação, orientação espiritual, disciplina eclesiástica para conduzir vidas em direção aos céus sob os cuidados do Supremo Pastor, e que nós, como esposas, fomos escolhidas para ser ajudadoras nesta missão, é sentir o quanto Deus nos ama e deseja que nós sejamos dependentes dele.
Os sofrimentos existem são reais mas viver sob a potente mão de Deus é uma experiência extraordinária. Devemos estar dispostas a transformar fraquezas em forças e, mesmo quando isso não for possível, devemos procurar oportunidades para que Deus seja glorificado até mesmo em nossos fracassos e sofrimentos. Deus não comete erros e sempre está operando em nós, à medida que continua a nos aperfeiçoar e edificar, até a volta de Cristo.

Dsa. Zildelí Ferreira do Carmo Del Pozzo congrega na IAP em Vila Kéllen (Campo Grande – MS) e atua no Ministério de Vida Pastoral – Convenção Sul Matogrossense.

Ancorados na esperança

Em meio às tempestades, os barcos precisam firmar suas âncoras em lugares profundos

“Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos poderosa consolação, nós, os que nos refugiamos em lançar mão da esperança proposta; a qual tem como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até o interior do véu” (Hb 6.18,19)
Ao alcançarmos certa idade, começamos a fazer uma retrospectiva da vida em busca das vitórias obtidas. Por vezes somos tentados a parar diante de uma lembrança triste, uma perda ou fracasso… Eu não sou diferente. Nestes momentos, lembro-me da “mão salvadora” que esteve segurando a minha vida e levou-me adiante em uma jornada de fé e crescimento.
As tempestades surgiram e, apesar dos anos de vida que já acumulei, não deixarão de existir. No entanto, o lugar onde tenho firmado minha “âncora” fez e fará sempre a diferença. Temos como âncora da nossa alma o sacrifício do nosso sumo sacerdote, Jesus Cristo.
As promessas de que “le estaria comigo todos os dias de minha vida e que me ama incondicionalmente são a garantia de que minha vida chegará sempre ao porto seguro, impulsionada pelo vento do Espírito Santo de Deus.
Nossa esperança é segura e inalterada, ancorada em Deus, da mesma maneira que um navio se ancora firmemente no fundo do mar.
A natureza de Deus e suas promessas são imutáveis. Deus é a verdade, portanto, podemos confiar em suas promessas para nossas vidas. Essa segurança traz-nos ânimo e confiança.
Onde você tem ancorado? Sua esperança está em si mesmo e na sua capacidade?
Minha oração é para que em meio às tempestades possamos trazer à memória o que nos pode dar esperança : as misericórdias e a fidelidade do Senhor que são grandes e sem fim. (Lm 3.21-23).

Ilma Farias de Souza é ministra de Educação Cristã, pedagoga, esposa de pastor, da Primeira Igreja Batista da Enseada no Guarujá (SP) e professora do Seminário Betel Brasileiro em Praia Grande (SP).

Um tipo de super-heroi?

É importante lembrarmos do que a Bíblia ensina sobre o ministério pastoral

“Esta afirmação é digna de confiança: se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função.” (1 Timóteo 3:1)
No dia 22 de julho, comemoramos o Dia do Pastor promessista. Nesta data, podemos refletir um pouco mais sobre a vida do pastor e o seu ministério. Além disso, neste período temos a oportunidade de louvar a Deus e de agradecer ao Senhor pela vida daqueles que, diariamente, têm atendido ao chamado divino, têm cumprido a vocação para a qual foram chamados e têm exercido o ministério com integridade e excelência, para a glória de Deus.
Mas, quem é o pastor segundo as Escrituras? Num contexto de sociedade em que muitos acham que os pastores são um tipo de “super-herois” que não erram, não pecam, estão sempre sorrindo e são extremamente bem-sucedidos financeiramente, é muito importante retornarmos ao que a Bíblia nos ensina sobre estes homens que têm exercido o ministério pastoral no corpo de Cristo. Ao compreendermos estas orientações somos motivados pelo Espírito Santo a orar por nossos pastores e a ajudá-los no serviço da igreja de Jesus.
Momentos de tristeza, desânimo, incerteza acontecem também na vida do pastor. O ministério pastoral não é feito somente de risos e vitórias, mas também de lágrimas e derrotas… Ele é um homem com suas fragilidades, mas cuja vida é um testemunho vivo do poder, do agir e do amor de Deus. O pastor vive para glorificar e adorar a Deus através de seu ministério. Ele é um instrumento do Senhor para proclamar as verdades do evangelho de perdão e salvação em nossa geração. Foi chamado para treinar os membros do Corpo de Cristo a fim de que a Igreja cumpra a sua missão. A vocação pastoral é um grande privilégio e significa uma “nobre função”, no entanto é também uma imensa responsabilidade! Cada pastor responde e responderá diante do Senhor pelo rebanho que está pastoreando.
O pastor é um pecador com falhas, fraquezas e limitações, mas que também foi alcançado pela graça e pela misericórdia do Senhor. É o evangelho de Cristo Jesus que transforma e dá significado à vida, à família e ao ministério pastoral. É o Espírito Santo quem capacita, fortalece e sustenta a vida do pastor que está seriamente comprometido em cumprir a vontade do Senhor para a sua vida. É a Palavra de Deus o alimento e a base dos ensinamentos, pregações, aconselhamentos e estudos bíblicos ministrados pelo pastor “segundo o coração de Deus”. É a oração que sustenta e alicerça a vida e o relacionamento do pastor com o seu Senhor e Salvador.
Sendo assim, ao meditarmos nestas questões, que possamos agradecer a Deus pela vida de nossos pastores não somente no dia 22 de julho, mas durante todos os dias. Além disso, que o nosso reconhecimento pela vida e trabalho desses homens resulte em apoio e ajuda, pois cada um de nós foi chamado para cumprir a sua missão no corpo de Cristo. Que cada pastor da Igreja de Jesus seja fortalecido em Deus e na força de seu poder!
Gostaria de encerrar esta reflexão parafraseando o versículo de Romanos 11: 36: “Pois de Cristo, por Cristo e para Cristo são todas as coisas. Inclusive e principalmente, o ministério pastoral. A Jesus seja a glória para sempre! Amém.”

Dsa. Claudia Duarte congrega na IAP em Votuporanga (SP), é diretora do Departamento Infantojuvenil Regional da Convenção Noroeste Paulista e atua no Ministério de Vida Pastoral da Convenção.

Nos braços do Sumo Pastor

Cada esposa de pastor deve se lembrar que há descanso em Jesus

Ela deve estar sempre cedo na igreja, antes do início dos cultos. Ela deve estar sempre bem vestida, mas de forma modesta. Ela deve manter os filhos sob controle, mesmo que sejam pequenos, para que não atrapalhem o andamento do programa. Ela deve cumprimentar os membros da igreja, com simpatia e acolhimento, de preferência, lembrando os nomes de cada um. Ela deve orar, sempre e com dedicação, por seu marido, seus filhos, mas também pela igreja, lembrando-se dos aflitos e enfermos, e pelos que precisam ser alcançados pelo evangelho.
Ela deve…Ah, são tantas as atribuições da esposa de um pastor, que a lista seria impossível de ser registrada aqui. Como então, lidar com a expectativa da igreja? Como lidar com a expectativa do marido, o pastor da igreja? Como lidar com a sua autocobrança, sempre insatisfeita por deixar alguma área descoberta?
Você, esposa de pastor, precisa se lembrar que não é perfeita. Seu modelo é Cristo e você deve buscá-lo de todo o coração, mas não se esqueça de sua total dependência dEle. Isso trará o devido equilíbrio a sua vida, pois não se esquecerá de cuidar de si mesma, cuidando apenas dos demais, nem irá negligenciar sua família, auxiliando seu marido no cuidado com o rebanho. Amar ao próximo como a si mesma requer sabedoria, cuidando de sua vida emocional, familiar e devocional, afinal, sem Ele nada podemos fazer.
Nesta data especial – 22 de julho, Dia do Pastor Promessista – honramos todas aquelas que desenvolvem o ministério juntamente com seus maridos, colocando suas vidas à total disposição do Mestre e mostrando Cristo em suas palavras e atitudes.
O ministério é glorioso mas também é penoso em alguns momentos, isso é fato… Mas que essas lutas temporais não roubem sua alegria de ter respondido ao chamado mais sublime de todos: o chamado de Jesus. Ele é o seu Sumo Pastor, entende suas limitações, suas fraquezas, suas frustrações e jamais a lançará fora.
Quando a lida for difícil, quando o choro for inevitável, quando pensar até em desistir, corra para Ele e encontrará renovo: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.
Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas.
Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mateus 11:28-30 – NVI)

Dsa. Lilian Mendes, congrega na IAP em Vila Maria (São Paulo,SP) e atua no Ministério de Vida Pastoral (MVP) da Convenção Geral.

Ela não é poderosa

A esposa do pastor precisa ser vista como alguém que tem limites, que pode adoecer e precisar de ajuda

Servir a Deus como esposa de pastor é desfrutar de uma graça, de um privilégio. Diversos textos bíblicos, dentre eles, Atos 9.15, Efésios 4.11 e I Timóteo 3.1, mostram que o pastor é separado para uma obra especial, escolhido por Deus. Uma vez casada com este homem, sua esposa passa a ocupar um lugar especial em seu ministério.
Não é incomum encontrarmos textos excelentes e inspiradores que falam sobre o papel da esposa do pastor, seu lugar no corpo de Cristo, e o que se espera dela no exercício dessa função. Diante de muitas informações e diversas opiniões, muitas vezes, o grande desafio para a esposa do pastor é o de desenvolver o seu trabalho da forma como Deus requer, encontrando nele satisfação.
No entanto, assim como há mulheres plenamente realizadas no ministério, há outras insatisfeitas com essa posição, vendo no seu papel um fardo, algo difícil e penoso de ser exercido. Vamos refletir sobre algumas razões para isso.
A primeira é que algumas resistem em aceitar esse compromisso. Geralmente essa atitude é traduzida pela famosa frase: “O meu marido foi chamado; o ministério é dele, não meu”. Nesses casos, talvez falte primeiro compreensão bíblica a respeito do próprio casamento, pois Gênesis 2.24 diz que uma vez que um homem e uma mulher se casam, tornam-se “uma só carne”. Assim, devem seguir na mesma direção, compartilhando alegrias e tristezas, esperanças e decepções, “até que a morte os separe”.
Esquivar-se de suas responsabilidades como companheira de ministério é esquivar-se de suas responsabilidades como esposa, pois foi Deus, ao criar a mulher, quem disse:“Não é bom que o homem esteja só,farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda”(Gênesis 2.18). Se entendemos que a mulher foi criada para auxiliar o marido, como pode a mulher do pastor não auxiliá-lo no ministério?
A resposta a essa pergunta pode estar relacionada à segunda razão, causada por um equívoco em relação ao papel da esposa do pastor. Muitas vezes, espera-se que ela exerça o ministério integralmente, como seu marido, ocupando diversos cargos e envolvendo-se em todas as atividades da igreja. Há até os que a chamam de “pastora”, mesmo não lhe atribuindo autoridade correspondente. Embora a Bíblia mostre a inegável importância das mulheres na história do cristianismo (Filipenses 4.3, Romanos 16.1-6), inclusive em posição de liderança, como no caso de Débora (Juízes 4.4), não há menção de mulheres exercendo o ministério de forma particular. De qualquer modo, biblicamente a ordenação é algo pessoal, não sendo nunca a extensão da ordenação de outro, mesmo que este seja seu marido. “A esposa do pastor precisa ser vista como membro normal da igreja, e não como pastora auxiliar”. (1)
Avaliadas pelos cargos
Deve-se levar em conta o fato de que, muitas vezes, a esposa do pastor estuda, trabalha fora ou exerce uma atividade remunerada dentro de casa. Como as outras esposas e mães, divide seu tempo entre marido, filhos, casa e igreja. É triste saber que algumas são avaliadas pela quantidade de cargos que ocupam e atividades que desenvolvem, sofrendo, inclusive, comparações com outras.
Nesse sentido, a forma como o pastor age com sua esposa tem grande influência na relação da igreja com ela. Quando ele valoriza suas capacidades e compreende suas limitações, esperando dela auxílio e não ativismo, ela encontra liberdade para desenvolver seus talentos com alegria, para o Senhor, e não para corresponder a expectativas. Por outro lado, se o pastor não assume o papel de líder de sua esposa, abre caminho para que outros queiram fazê-lo, inclusive ela mesma.
Em função dessas situações e dos problemas que o próprio pastor enfrenta, há esposas que adoecem física e emocionalmente. Porém, além de sofrerem com desgastes e cobranças comuns à maioria das mulheres, contam com um agravante: muitos crentes esperam que ela seja fonte de cura, e não de doenças. É como se adoecer, ter problemas e expor suas limitações seja sinônimo de despreparo ou incompetência. No entanto, é possível que a esposa do pastor, em algum momento, necessite de apoio emocional e espiritual para suportar os reveses da vida. Quando um membro do corpo de Cristo adoece ou tem problemas, precisa de oração, cuidado e tratamento, inclusive se este membro for o pastor, seus filhos ou esposa.
Por mais que tenha um custo, dizer sim ao trabalho de Deus é sempre uma alegria. Por isso a esposa do pastor, como crente, deve oferecer sempre o seu melhor! No entanto, algumas atitudes podem ajudá-la a atender às necessidades da igreja, respeitando seus limites pessoais. A primeira delas é deixar claro que, embora tenha recebido dons, certamente não tem todos e, por isso, não precisa trabalhar em todas as áreas da igreja. Deve também lembrar que o Espírito Santo dispensou dons a outros membros, conforme I Coríntios 12.7-11.Por outro lado, precisa deixar a congregação consciente de que, a qualquer momento, a família pastoral poderá estar servindo em outro lugar e isso não pode impedir a continuidade da obra.
Como todo crente, o primeiro compromisso da esposa do pastor deve ser o de agradar a Deus. Cumprir esse propósito exige vontade e abnegação, mas é sempre recompensado pela fidelidade de Deus e por muitas alegrias. Por isso, quando a esposa do pastor desenvolve seus dons a serviço do ministério, colocando-se voluntariamente como auxiliadora de seu marido, certamente cumpre o propósito para o qual foi escolhida e encontra satisfação em ocupar esse lugar!

Romi Campos Schneider de Aquino é psicóloga, diretora da Resofap Sul e auxilia seu marido no pastoreio, em Curitiba (PR). Texto publicado originalmente em O Clarim, agosto de 2014.


Referência
http://prnatanaelfarias.blogspot.com.br/2012/04/o-ministerio-da-esposa-do-pastor-co.html, acessado em14/05/2014.

Que chamado é esse?

Deus nos capacita a animar os aflitos, apesar de nossas lutas diárias

“O Senhor Deus me deu o seu Espírito, pois ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres; Ele me enviou para animar os aflitos, para anunciar a libertação dos escravos e a liberdade para os que estão na prisão.” Is.61:1
Dentre os chamados descritos no texto de Isaías 61.1, um dos que mais me desperta a atenção é para animar os aflitos.
Vivemos em um mundo onde existem problemas de todas as formas e profundidades, perturbações, dificuldades, tristezas, desespero, corações contritos por conta da correria do dia a dia e da agitação dos centros urbanos, etc. Sofremos por conta do esgotamento intelectual devido às preocupações, sofremos por conta do esgotamento físico provocado por um mundo agitado e exigente, sofremos por conta de um mundo materialista incapaz de oferecer alternativas espirituais que satisfaça o homem interior, sofremos com a crise financeira que desestrutura lares, sofremos com o crescimento da agressividade e da violência em todos os níveis.
A vida, com certeza, é cheia de emoções que podem dar um colorido especial à nossa caminhada ou torná-la opaca e sem brilho.
Os sentimentos não são uma mera decoração das emoções, qualquer coisa que possamos guardar ou jogar fora. Os sentimentos geralmente são revelações do nosso estado de vida: medo, ira, remorso, tristeza, preocupação, decepção, vergonha, alegria, esperança, gratidão, felicidade. A forma como processamos as nossas emoções varia de acordo com nosso temperamento, personalidade, nossa história de vida e dos conceitos adquiridos pelas nossa fé.
As emoções, no dia a dia, nos servem de estímulos. Elas estabelecem nossa rota, nos direcionam e, até mesmo, nos corrigem. Considerando que a vida é como uma acrobacia na corda bamba, a maior parte dos sentimentos são expressões de uma luta contínua para atingir o equilíbrio.
Mas como podemos aumentar nosso próprio bem estar, mesmo em situações adversas? Existem duas maneiras de mudar o nosso dia a dia com decisão e ação: exercitar a gratidão, pois ela aumenta a apreciação das coisas boas e que nos edificam; e praticar o perdão, já que este diminui o poder dos acontecimentos negativos em promover a amargura.
Podemos sim reescrever a nossa história, transformando as más lembranças e não nos realimentando de emoções negativas. O perdão proporciona saúde física e emocional, portanto, é fundamental! Que Deus nos ajude a exercitar o auto perdão (por meio do qual podemos começar de novo, subtraindo o aprendizado da experiência sem rancores), e ainda praticar o perdão em nossos relacionamentos interpessoais (em família, na igreja e na comunidade).
A Palavra do Senhor nos faz lembrar em Provérbios 15:3 que “o Senhor Deus vê o que acontece em toda parte” e que “o Senhor Deus é bom. Em tempos difíceis ele salva o seu povo e cuida dos que procuram a sua proteção” (Naum1.7).
Por conta das emoções negativas, muitos permanecem com profundas feridas provenientes de experiências do passado. Algumas vêm da infância e continuam presentes, outras vêm de casamentos desestruturados e escolhas incertas, mas Jesus, em Mateus 19.26, nos diz que há restauração para nós, porque “…para Deus, tudo é possível”.
Certos que seremos auxiliados pelo Senhor, confessemos nossas mágoas porque o Senhor nos ouve, “Ele fica perto dos que estão desanimados e salva os que perderam a esperança” (Sl 34:18). Compreenda que Deus perdoou as nossas culpas, então, devemos ser “uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como Deus, em Cristo vos perdoou” (Ef.4:22).
Além das nossas lutas diárias, Deus nos chamou para animar os aflitos. Com certeza, Ele está conosco nesta missão. O apóstolo Pedro nos lembra que devemos entregar nossas preocupações a Deus, porque ele cuida de nós (I Pedro 5:7). Louvado seja o Senhor pelo seu cuidado para com os seus. Que Deus abençoe o nosso ministério em todo o tempo!

Dsa. Zildeli F. Carmo Del Pozzo congrega na IAP em Vila Kellen (Campo Grande – MS) e atua no Ministério de Vida Pastoral (MVP) – Convenção Sul Matogrossense

Um “sim” consciente

Estou preparada para ser esposa de pastor?

Às vezes, somos levadas a tomar decisões, analisando somente o momento, a partir de sonhos e expectativas utópicas, sem pensar no futuro que nos aguarda.
Noto que, há alguns anos, com raras exceções, os pastores assumiam o ministério já casados, com suas famílias constituídas. Assim, os dois compreendiam e enfrentavam o ministério juntos, já com alguma experiência acumulada.
Hoje estamos vivendo outra época, em que o ministério pastoral, em muitos casos, vem antes do casamento. Neste cenário, o relacionamento monogâmico e permanente, baseado nos princípios e valores do Evangelho cristão, será construído paralelamente à carreira ministerial, repleta de desafios, pressões e variações.
O que nos leva a desejar ser esposa de pastor, diante de tantas alternativas acadêmicas e profissionais, além dos fatores sociais, emocionais e psicológicos envolvidos?
Seria o reconhecimento da igreja? Ou o status pela posição de destaque, ao lado de um ministro do Evangelho? Ou ainda, o sonho de viver um relacionamento romântico ao lado de alguém que experimenta do conhecimento da Palavra de Deus e que, portanto, será mais compreensível, quase perfeito? Seria a ilusão de que nada do que planejamos dará errado, afinal, estaremos a serviço de Cristo, não sobrando espaço para questionar a nossa felicidade virtual?
O ministério é muito mais do que isso. É sonho que se sonha com os olhos abertos. Há muita alegria envolvida mas também, em muitas situações, você deverá estar preparada para dividir o seu esposo com muitas pessoas e tarefas, um dia após o outro.
É necessário estar preparada para acompanhá-lo em missões com casais, visitas a hospitais, comemorar aniversário de casamento fora da data, arrumar a mala dele quando for necessário viajar e ficar em casa sozinha, desistir de algum posto de trabalho para recomeçar a carreira em outra cidade, estado ou país, lembrando que o chamado para o ministério também é seu.
Deus fez a mulher para ser ajudadora, não atrapalhadora. Quando Deus viu que o homem estava só, fez com que ele dormisse um sono profundo e de sua costela fez a mulher, sua companheira (Gn 2. 21-24).
Nós precisamos entender que o chamado é glorioso, mas envolve renúncias. Se insistirmos em, por exemplo, não cortar o cordão umbilical com a família, desejando morar próximo, isso pode trazer sérios problemas. Uma vez que nossa escolha foi feita, precisamos entender que a vontade do Senhor é a melhor para nossa vida e que sempre encontraremos alegrias na família cristã, em cada igreja onde estivermos.
Se você vai se casar com um pastor, é hora de decidir com razão e oração, aproveitando a ocasião para questionar o coração.
Sou casada com um pastor há 20 anos e sei bem o que é deixar pai, mãe e filha, mas sou muito feliz porque o ministério não é só dele, eu aceitei o chamado também, para juntos fazemos a obra do Senhor.
Não se iluda pelas as aparências. Ore, espere e não se precipite na decisão de se casar. Mas se você se alegra com a ideia de ajudá-lo no ministério, provavelmente o chamado já começou tomar forma em seu coração. “Que a esposa deixe o marido feliz por chegar em casa, e que este a deixa triste ao partir. ’’ (Martinho Lutero) Que isso não aconteça por desentendimento, mas por amor.

Dsa. Andréa Cristina Machado congrega na IAP em Jd. Primavera – Sumaré (SP), é pedagoga, casada com pr. Elias Higino, mãe de dois filhos e integra a equipe do Ministério de Vida Pastoral (MVP) – Convenção Geral

Mãe e esposa de pastor

Quando somos jovens e procuramos alguém para nos casar, não pensamos em pastorado, a não ser quando namoramos um seminarista. No meu caso, me casei com um jovem crente, envolvido com a igreja, que foi chamado ao pastorado posteriormente. Fomos imensamente abençoados, Deus foi o nosso provedor.
Mas o maior milagre vivemos com nosso filho mais velho, em 1985, quando foi atropelado por um ônibus, em plena rodovia, e ressuscitou! Nessa época eu olhava para o céu e pensava “agora conheço o meu Deus e não o Deus do meu pai”.
Esse fato mudou minha existência. Quando veio o chamado ao pastorado, eu pensava: como vou dizer não, para quem sempre me diz “sim”? Isto nos impulsionou para o pastorado, que se iniciou em 1990. Deus foi o nosso preparo, porque nos deu direção em situações que pareciam impossíveis, pela graça de Jesus.
Nossos filhos cresceram aos pés do Senhor, que fez brotar a semente do evangelho no coração deles. Eu me lembro que num domingo, em que ia haver ceia, na igreja em que eles congregavam (porque optamos em mantê-los na igreja em que estavam acostumados), minha filha fez questão de congregar, mesmo não sendo batizada ainda. Quando voltamos para buscá-la, o poder de Deus se movia na igreja e ela foi batizada no Espírito Santo!
Um dia, Deus chamou meu marido para pastorear essa mesma igreja, e então passamos a congregar juntos. Sempre os conscientizamos de que o chamado era algo divino, especial e assim, nunca reclamaram de nada. Mesmo quando fomos enviados para Maringá (PR) e eles continuaram residindo em São Paulo sozinhos, ainda solteiros, mas sem a possibilidade de ir porque já estavam exercendo a vida profissional.
Hoje noto filhos de pastores que são avessos à igreja, porque talvez ouviram muitas reclamações da mãe: falta do esposo, falta de dinheiro. A Bíblia nos manda em tudo dar graças, que é o antídoto da reclamação. Acredito que com a ajuda de Deus conseguimos conciliar essas duas áreas tão importantes da nossa vida: o pastorado e a família.

Dsa. Deusa de Oliveira Teixeira congrega na IAP em Vila Medeiros (SP) e atua no Ministério de Vida Pastoral (MVP) – Convenção Geral

A dor da rejeição

Sou pastor e a igreja não me aceita. O que eu faço?

Esta frase expressa uma das maiores dores que um pastor pode enfrentar. A rejeição de uma Igreja.
Quando isso ocorrer, o pastor deve responder para si mesmo algumas perguntas:
• Foi salvo por Cristo? Se Jesus foi real, sente-se resgatado, justificado, salvo, com esperança maior de vida eterna, se há um referencial de salvação, se as palavras de 2 Co 5.17 (“Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!”) são verdadeiras em sua vida? Não temas, você é de Cristo e habitação do Espírito Santo – 1 Co 12.13. Nada nos separará do amor do Salvador – Rm 8.31-39.
• Foi chamado por Cristo? Se há convicções interiores do seu chamado, se a motivação maior é de glorificar ao Senhor com o ministério, se tem certeza de que este é o seu lugar no Corpo de Cristo, lembre-se: Você é um presente de Deus para a Igreja – “E ele designou alguns para … pastores e mestres” – Ef 4.11. Ministério não é isenção da cruz, ao contrário remete-se à ela. Paulo, em seu ministério, enfrentou muitas situações adversas – 2 Co 11.23-28. No versículo 26 citou “… perigos dos falsos irmãos.” A igreja de Cristo não está isenta desses “não convertidos”, que agem na carne, que tiram a paz da igreja e do pastor. Caso não tenha se deparado com algum deles, se prepare, fatalmente irá encontrá-los. O que deve fazer? Expulsá-los da Igreja? Não, o padrão de Cristo é amá-los até o fim, como Ele fez com Judas – Jo 13.1.
• Houve erros? Ninguém é infalível, pode haver erros administrativos, de posicionamento e até no ensino da Palavra. É possível reparação? Reconsiderações, pedidos de perdão para quem de direito? Prestação de contas aos superiores? Aconselhar-se com membros idôneos? Faça o que for preciso. Não abandone a igreja ou o ministério. Não enterre seu egípcio na areia, como fez Moisés. Um dia vai ter de desenterrá-lo e será horrível o mau cheiro da putrefação. Encare tudo com muita humildade. “Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado. ” – Mt 23.12.
Vida Devocional
Em todo tempo, independentemente de ter havido erro ou não, o que determina o sucesso no ministério pastoral é a vida devocional. A Bíblia Sagrada não deve ser apenas uma ferramenta de trabalho na qual se procura sermões para entregar à Igreja. Mas antes de tudo, deve ser alimento e segurança para a vida interior. A Bíblia deve ser fonte de riqueza e doçura – “ … as ordenanças do Senhor são verdadeiras, são todas elas justas. São mais desejáveis do que o ouro, do que muito ouro puro; são mais doces do que o mel, do que as gotas do favo. ” – Sl 19.9 e 10. Momentos de orações para a sua vida pessoal e familiar, e não somente pelos irmãos sob a sua responsabilidade, são fundamentais. Confissão e adoração são imprescindíveis para o ministério. Atente para esta oração de Davi: “Também guarda o teu servo dos pecados intencionais; que eles não me dominem! Então serei íntegro, inocente de grande transgressão. Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, Senhor, minha Rocha e meu Resgatador! ” – Sl 19. 13, 14.
Dois valores indispensáveis
A oração e a Bíblia devem nortear o sagrado ministério. A instituição do diaconato veio para liberar os apóstolos para essas duas coisas indispensáveis – “e nos dedicaremos à oração e ao ministério da palavra” At 6.4. Não há dedicação sem priorização, entrega e perseverança. Este versículo expõe as vísceras do ministério pastoral: oração e Palavra. Nada deve ser mais importante que interceder e guiar o Povo de Deus através dos princípios bíblicos. Quando oramos pelos membros, deixamos o Senhor atuar. E quando “ministramos” a Palavra, estamos alimentando adequadamente o rebanho de Cristo, colocando-o na direção certa, sob a vontade de Deus.
Lembre-se
Moisés não precisou defender-se quando seus irmãos Arão e Miriã murmuraram contra ele. Deus mesmo cuidou deles e Miriã ficou leprosa sete dias – Nm 12. A traição sempre é muito dolorida, mas quando somos chamados, Deus cuida de nós e nos defende.
Jeremias pregou a Palavra de Deus por 40 anos sem resultado imediato e aparente. Somente quando o Reino de Judá foi para o cativeiro reconheceram o seu ministério. Persevere, apesar das adversidades. Lembre-se do Salmo 46. No tempo certo será honrado.
E se neste mundo, não vier reconhecimento, lembre-se de que: “Quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória.” – 1 Pe 5.4.
Um abraço de quem já passou por isso

Pr. Elias Alves Ferreira é jubilado e integra a equipe do MVP – Ministério de Vida Pastoral da Convenção Geral

Um lindo encontro em Bonito (MS)

Passava do meio dia do sábado, quando minha esposa e eu chegamos ao hotel Araras, em Bonito (RS), escondido entre uma maravilhosa vegetação, soprado por uma calma e tranquilizante brisa. Não sei por que, sabia que seríamos recebidos pela diaconisa Zildeli do Carmo. Com seu inconfundível e amável sorriso nos saudou: “Paz do Senhor, irmã Fatima! Paz do Senhor, pastor Ismael”. O evento era o Congresso Ministerial dos pastores e esposas da Igreja Adventista da Promessa – Convenção Sul Matogrossense, realizado na Cidade de Bonito, em junho de 2017.
Orientados pelo pastor Marcos Del Pozzo, fomos ao restaurante do hotel, simples e aconchegante, comum aos de fazenda. Tentamos esconder nosso constrangimento por chegarmos atrasados, mais não foi preciso. Acenos, apertos de mãos e abraços nos acomodaram rapidamente ao ambiente. Fiquei feliz ao rever meus amigos e companheiros de trabalho, mas confesso que passei várias vezes o olhar entre os que estavam sentados à mesa para ver quais eu não conhecia. Curioso, queria saber quem viera falar a nós? “Provavelmente aquele casal sentado no canto direito do salão”, pensei. Estava certo, fiquei sabendo mais tarde que eram o pastor Elias Alves e a diaconisa Marilsa, sua esposa, nossos preletores. Enquanto almoçava, imaginava: “Como será nosso encontro?” Bem ali, uma autêntica sensação de paz.
Coube à diaconisa Marilsa a primeira fala da tarde, e com impressionante convicção, fez nos ouvir frases como: “não descuidem de si e da família, pastores.” O “estresse é uma grande realidade em nosso meio.” “Há famílias de pastores sendo destruídas por falta de cuidados.” Síndrome de Burnout. Que síndrome é essa? “Esta é a síndrome do esgotamento em função de exercícios profissionais que exigem envolvimento interpessoal direto e emocionalmente mais intenso”, dizia ela. “Isso pode acontecer a vocês, pastores.” À medida que a ouvia, sentia a seriedade do que nos ensinava. Por vezes, a palavra era interrompida pelas lágrimas da amada irmã, e nestes momentos aparecia a Diaconisa Dilce, trazendo água e lenço, coisas de quem sabe ser amável e pronta para servir.
Era justificável chorar, pois saber que um companheiro, mesmo que de outro ministério, desistiu da luta é lamentável, mas ouvir que desistiu da vida é profundamente triste. Realmente, não havia como não nos entristecermos. Ao final da tarde, o pastor Elias, demonstrando vasta e sóbria experiência ministerial nos fez lembrar : Deus é maravilhoso. “Só Ele sara os de coração quebrantado e cuida das suas feridas” Salmo. 147.3. Ouvimos dele: “Ao longo da vida já tive muitas feridas, mas nenhuma está aberta.” Glorificamos a Deus. Sorríamos. Abraçávamos. Findava o sábado e víamos que foi muito bom.
Quem viera nos falar? Neste momento já não havia mais dúvidas, Deus, através de seu Santo Espírito, aprouve nos falar. Uma cobertura, misto de antigo com o novo, madeiras e alvenarias, serviu como palco. Deus enxergou nossos corações, nossas necessidades e nossas famílias e a Convenção foi sensível à voz do Soberano. Naquele final de semana, era definitivamente uma obra de Deus. De repente me via de joelhos, lavando os pés de minha amada esposa, ladeado por homens e mulheres igualmente descalçados na presença do eterno Pai, naquele santo momento da Ceia do Senhor. Glórias a Deus! Aleluias eram palavras sinceramente fáceis para todos nós naquele maravilhoso encontro.
A mim estava proposto realizar o devocional naquela singular manhã de domingo, refletindo em como o Espírito Santo nos faz caminhar na mesma direção, apesar de nossas evidentes diferenças e características pessoais. “Pedro e João subiam juntos ao templo para orar”, dizia eu, aludindo ao Atos 3:1. Tudo que víamos e ouvíamos nos fazia crer seguramente, apesar das lutas enfrentadas, de que “estamos seguros nos braços do supremo Pastor”, e assim nos confortava Deus através das palavras inspiradoras do pastor Elias. Estávamos chegando ao fim daquele maravilhoso e inesquecível encontro com nossos irmãos, pastores e esposas. Uma sensação de renovo, descanso e paz nos abraçava. Deus nos confirmou, que Ele, Ele mesmo, nos chamou para o seu glorioso serviço.
Caminhando por entre as árvores, pastor Josiel e eu conversávamos sobre o que nos era comum e, descontraidamente, tivemos um momento “Grupo Logos”:
“Situações nessa vida me fazem sentir
Que não sou forte a ponto de até resistir
Nestes terríveis momentos, os maus pensamentos me querem levar
A um extremo de vida que meu equilíbrio se deixa enganar
Instantes que se prolongam, tentando mudar
Tudo o que já se fez de novo, pois Cristo mudou
Tentando hoje trazer o que eu tento esquecer
Sou vencedor e ninguém poderá me deter
Pois eu sei que jamais eu provado serei
Além do que eu possa suportar
E se ainda, eu cair e pensar que é o fim
Jesus me ergue e segue junto a mim
Jesus me ergue e segue, sim
Jesus me ergue e segue, sim
Jesus me ergue e segue junto a mim.”

Pr Ismael Narcizo é responsável pela IAP em Douradina (MS).

Soli Deo Gloria

Escolhemos dar somente a Deus a glória porque não há ninguém como Ele

Queremos refletir no último dos cinco “solas” da Reforma Protestante o “Soli Deo Gloria”, ou “Somente para Deus a Glória”.
Como é bom refletir que fomos criados com o objetivo de adorá-Lo, assim como toda a vida e a natureza. O livro mais extenso da Bíblia, O Livro dos Salmos, transborda de seu interior a adoração. E ele encerra-se num convite maravilhoso: “Tudo o que tem vida louve o Senhor! Aleluia! ” – Sl 150.6.
Somente para Deus a Glória por que:
• É mandamento divino – Ex 20.2-6.
• Deus é o único digno de adoração – Sl 73.25.
• Deus é incomparável – Sl 115.
• A glória de Deus é irrepartível – Is 42.8.
• O exemplo de Cristo aponta para a exclusividade da adoração – Mt 4.10.
• Amar a Deus é o primeiro e o maior dos mandamentos – Mt 22.36-38.
• Deus procura os verdadeiros adoradores – Jo 4.23.
• A verdadeira adoração é em espírito (invisível, íntimo, pessoal) e de acordo com a verdade – Jo 4.24.
• A adoração revela a verdadeira unidade – Jo 17.22-24.
• Tudo é de Deus, subsiste por meio dEle e é para Ele – Rm 11.36.
• Adoração deve transcender qualquer ação nossa – 1 Co 10.31.
• O Senhor nos salvou para louvá-Lo – Ef 1.3-7.
• A Palavra de Deus pede sacrifício de louvor a Deus por meio de Cristo – Hb 13.15.
• E pede que este sacrifício seja por inteiro e da melhor forma possível – Rm 12.1, 2.
Nós escolhemos dar Somente a Deus a Glória, porque não há ninguém como Ele: Triúno, Perfeito, Todo-Poderoso, Sábio, Autor da Vida, Criador de todas as coisas, Imutável, Incomparável, Imanente, Independente, Impassível, Perfeito, Eterno, Veraz, Justo, Fiel, Transcendente, Onipresente, Onipotente, Onisciente, Infinito… que nos ame mais, que fez o que Ele fez, e fará o que Ele já mostrou na última página da Bíblia: “Então o anjo me mostrou o rio da água da vida que, claro como cristal, fluía do trono de Deus e do Cordeiro, no meio da rua principal da cidade. De cada lado do rio estava a árvore da vida, que dá doze colheitas, dando fruto todos os meses. As folhas da árvore servem para a cura das nações. Já não haverá maldição nenhuma. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o servirão. Eles verão a sua face, e o seu nome estará em suas testas. Não haverá mais noite. Eles não precisarão de luz de candeia nem da luz do sol, pois o Senhor Deus os iluminará; e eles reinarão para todo o sempre. ” Ap 22.1-5.
Que a nossa adoração não seja negociável ou superficial, mas sim,espiritual como a de Davi que afugentava as forças malignas – 1 Sm 16.23. Que seja como a de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego que foram para a fornalha, mas não abriram mão da exclusividade Divina na adoração – Dn 3. Que seja como a de Daniel que não abriu mão de se prostrar diante de Deus, mesmo que isso custasse a cova dos leões – Dn 6. Que seja vigorosa como profetizou Habacuque, que mesmo em meio a falência material, seja mais alta que os montes (Hb 3.17-19).Que seja como a de Cristo, que mesmo antevendo a horrível cruz, sem merecer e em nosso lugar, louvou após a última ceia – Mt 26.30. Que seja como a de Paulo e Silas, que mesmo após grande sofrimento, não achou motivo para se calarem – At 16.22-26.
A adoração que começa no coração do próprio Deus deve permear todas as nossas atividades e nos conduzir à adoração eterna, onde O Criador envolverá Suas criaturas em plena glória.
Enquanto aquele dia não chega, amemos as pessoas, respeitemos estruturas e governos, mas de joelhos, quebrantados como Paulo, adoremos com todos os refugiados em Cristo: “A ELE seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre! Amém! ” – Ef 3.21 – grifo nosso.
Soli Deo Gloria

Pr. Elias Alves Ferreira é responsável pela IAP em Jales (SP) e integra o Departamento Ministerial – Convenção Geral

Sola Fide

Sem a fé, não somos convertidos, mas religiosos vazios, escravos de nossas obras

Sola Fide em latim, que se traduz por “somente pela fé”, foi uma bandeira hasteada pela Reforma Protestante, da qual jamais devemos desprezar. Sem este norte, não seremos convertidos, mas religiosos vazios, escravos de nossas obras. Estaremos desprezando o que Jesus fez por nós. Uma moeda perdida dentro da casa. Uma ovelha desamparada no deserto que não se deixa ser carregada pelo Supremo Pastor. Um filho pródigo que ainda não caiu em si, sem nada, sem significado, cheirando a porcos, sem o abraço, o beijo, as vestes e a festa preparada, sem merecimento humano, mas unicamente pelo “Pai” – Lucas 15.
O versículo mais traduzido da Bíblia Sagrada diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” – Jo 3.16. Ele apresenta uma resposta à todas as ambiguidades humanas, ao começar afirmativamente com um “Porque”. Ele desvenda a natureza e o coração de Deus quando diz “Deus amou”. Ele mostra a extensão deste amor ao afirmar “Deus amou o mundo”. Ele anuncia a inexplicabilidade deste amor ao deixar claro que foi “de tal maneira”. Ele oferece o que nós nunca merecemos, ao anunciar “que deu o seu Filho Unigênito”. Ele escancara escandalosamente a graça ao oferecer “para todo aquele”. Ele proclama a única forma de aceitação da salvação que é pela fé no Seu Filho e em mais ninguém, “nele crê”. Ele apresenta do que as pessoas são salvas, que é a morte eterna, ao alertar “não pereça”. E termina afirmando o desejo do Senhor para Seus Filhos para que no futuro vivam em plenitude de glória dizendo“mas tenha a vida eterna”.
Somente a fé é uma bandeira do Evangelho por que:

  • É uma dádiva de Deus – Jd v.3.
  • Advém da Palavra de Deus – Rm 10.17.
  • É produzida pelo Espírito Santo – Jo 16.7-11; Gl 5.22.
  • Nos faz aceitar a graça ofertada por Cristo – Rm 5.2; 2 Co 5.21; Ef 2.8.
  • Nos propicia o sangue de Jesus – Rm 3.25.
  • Nos justifica – Rm 3.24, 28; 5.1; 8.33.
  • Nos justifica como fez com Abraão (atribuída por Deus, sem ajuda da nossa parte) – Tg 2.23.
  • Nos faz viver – Rm 1.17.
  • Nos faz praticar boas obras após sermos salvos – 2.8-10; Tg 2.26.

O Capítulo 11 de Hebreus é o capítulo da fé, pois apresenta um caminho trilhado por inúmeros irmãos do passado.
Assim, neste texto a fé:

  • Nos faz ver o futuro e o invisível – v.1.
  • Produz bom testemunho – 2.
  • Nos proporciona a compreender a criação – 3.
  • A única forma de agradar a Deus – v 6.
  • Nos irmana com os heróis da fé: Abel, Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés, Raabe, Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e Profetas. Aliás, o termo “pela fé” aparece 20 vezes neste capítulo.
  • Nos desafia a viver na contracultura do mundo ao afirmar: “O mundo não era digno deles…” – v.38.
  • Nos deixa sem opção ao demonstrar como ser um vencedor acima de todas as circunstâncias: “Todos estes receberam bom testemunho por meio da fé…” – v. 39.
  • Sem prometer o céu na terra, Deus que é o Senhor da história, une os irmãos de todos os tempos, na mesma formula de salvação que é a fé – “Deus havia planejado algo melhor para nós, para que conosco fossem eles aperfeiçoados. ” – v. 40.

Só nos resta trilhar nossa carreira sem desistir, combater o bom combate e “guardar a fé” – 2 Tm 4.7.
E, se alguém perguntar como ser justificado e salvo? Você terá a grata satisfação de dizer: Só Jesus, pelo sacrifício da cruz, tendo como único trabalho “o crer”, o “aceitar pela fé” e descansar nEle. E se for houver insistência: Tem certeza? Somente isto? Responda sim, essa é a melhor notícia de todos os tempos,para que você seja livre,
Sola Fide,
Pr. Elias Alves Ferreira é responsável pela IAP em Jales (SP) e integra a equipe do Departamento Ministerial – Convenção Geral.
 

Solus Christus

O que faremos nós, se não atentarmos para Ele, como nossa única possibilidade de salvação?

Dentre as heranças da Reforma Protestante está a expressão em latim “Solus Christus”, ou seja, somente Cristo. E, realmente, não há outro Salvador como Cristo. Ele é o tema central da Bíblia Sagrada. Ao olharmos para as Santas Escrituras, numa revelação especial de Seus nomes, sem a pretensão de esgotá-los, podemos dizer que:
Em relação à Sua Divindade Ele é: O Deus forte, o Verbo, O Eu Sou, O Supremo, O Deus Verdadeiro, …
Em relação à história e o tempo Ele é: O Pai da Eternidade, O Alfa e Ômega, O que É, O que Era e O que Há de Vir, O Todo-Poderoso, …
Em relação à criação Ele é: A Razão da Existência de todas as coisas, O Criador e Sustentador, …
Em relação à natureza, de forma figurada, Ele é: O Lírio dos Vales, A Raiz de Jessé, O Renovo, A Raiz de Uma Terra Seca, O Sol da Justiça, A Luz do Mundo, A Videira Verdadeira, O Leão de Judá, A Estrela da Alva, A Refulgente Estrela da Manhã, …
Em relação à Sua Soberania e Governo Ele é: O Rei da Glória, O Príncipe da Paz, O Desejado das Nações, O Todo-Poderoso, O Senhor, O Rei dos Reis, O Senhor dos Senhores …
Em relação à Sua humanidade Ele é: O Cristo, O Nazareno, O Ungido, O Messias, O que Se Esvaziou e Se Tornou Servo, O Filho de Deus, O Filho do Homem, O Último Adão, O que foi Manifestado em Carne, …
Em relação ao Seu Sacrifício, Ele é: O Servo Sofredor, O Homem de Dores, O Cordeiro, o Cordeiro de Deus, O Nazareno, O Crucificado, …
Em relação à vida Ele é: O Autor da vida, o Pão da Vida, O Caminho, a Verdade e a Vida, a Ressurreição e a Vida, o Ressuscitado, …
Em relação às Suas ações em nosso favor Ele é: Jesus, O Salvador, O Maravilhoso Conselheiro, O Emanuel, O Bom Pastor, O Mestre, A Porta das Ovelhas, O Profeta, o Justificador, O Intercessor, O Possuidor de Todos os Tesouros da Sabedoria e do Conhecimento, O Santo e Justo, O Cabeça da Igreja, O Noivo, O Juiz, O Apóstolo e Sumo Sacerdote, O Autor e Consumador da Fé, O Advogado, …
O que faremos nós, se não atentarmos para Ele, como a nossa única possibilidade de salvação? Alguém é capaz de viver como Ele viveu? Ensinar como Ele ensinou? Morrer como Ele morreu? Ressuscitar como Ele ressuscitou? Subir aos céus como Ele subiu? Deter Todo Poder como Ele detém? Interceder como Ele intercede? Voltar como Ele voltará? Nos dar a eternidade como Ele prometeu?
Se você já conseguiu ver em tudo e acima de todos a singularidade de Jesus, se entregou a Ele, então, diga sempre bem alto com a própria vida, como todos que lutaram e lutam pelo Verdadeiro Evangelho: Solus Christus!!!

Pr. Elias Alves Ferreira, responsável pela IAP em Jales (SP), integra a equipe do Departamento Ministerial – Convenção Geral

Sola gratia

Os “aventais de folhas de figueira” não resolvem o problema do pecado

O Capítulo 3 de Gênesis descreve a queda do primeiro casal. Eles ultrapassaram o limite dado por Deus, comeram do fruto proibido e morreram espiritualmente. Ficaram com vergonha, coseram aventais de folhas de figueira e tentaram se esconder da presença de Deus. Este padrão de comportamento é repetido pela humanidade que tenta resolver pela própria capacidade o problema do pecado. Os “aventais de folhas de figueira”, continuam sendo confeccionados através da história. Obras humanas mascaram o que não se pode resolver sem a ação divina. Esses “aventais” modernos são: religiosidade, legalismo, doutrinas fora do contexto bíblico, falsos messianismos, etc. Voltando ao Éden, Deus procurou Adão e Eva, pronunciou as consequências do pecado, imolou o Cordeiro e faz permanentes túnicas de pele. Assim, o primeiro ato profético sobre Cristo é anunciado. Só a morte do Cordeiro pode resolver a natureza pecaminosa do homem.
Não nos enganemos, ninguém é salvo por si próprio e fora de Cristo: “Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos. ” – At 4.12. Os esforços humanos, por mais altruístas que sejam, são insuficientes para salvar e são considerados pelas Palavra do Senhor como trapos de imundícia – Is 64.6. A Bíblia não deixa dúvidas: “E, se é pela graça, já não é mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria graça. ” – Rm 11.6.
No Século XVI, a Reforma Protestante devolveu esta verdade ao mundo. A Bíblia traduzida nas línguas dos povos permitiu que muitos compreendessem a salvação de forma completa.
Podemos concluir que a graça que vem de Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) não é apenas um detalhe teológico, mas a base de todas as ações Divinas. Efésios 2.1-10 responde as principais perguntas da vida Cristã:
· Como o Senhor nos encontrou? “Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados” – v.1
· Como vivíamos em relação ao mundo? “nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência.” – v.2
· Como vivíamos em relação à nossa natureza? “Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira.” – v.3
· O que o Senhor sentiu, sente e sempre sentirá por nós? “Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou” – v.4
· O que o Senhor fez por nós? “deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos.” – v.5
· Onde o Senhor nos colocou? “Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” – v.6
· O que o Senhor fará conosco no futuro? “para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus.” – v.7
· O que jamais poderemos esquecer? “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus” – v.8
· Do que jamais devemos nos gloriar? “não por obras, para que ninguém se glorie.” – v.9
· De quais coisas devemos nos conscientizar e perseverar? “Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos.” – v.10
E sobre a graça podemos ainda meditar:
· Deus é chamado de “O Deus de toda graça”“O Deus de toda a graça, que os chamou para a sua glória eterna em Cristo Jesus, depois de terem sofrido durante pouco de tempo, os restaurará, os confirmará, lhes dará forças e os porá sobre firmes alicerces.” – 1 Pe 5.10.
· Jesus é a maior manifestação da Graça“Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade.” – Jo 1.14.
· O Espírito Santo é também chamado de Espírito da graça, pois suas ações também não são por méritos“Quão mais severo castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus, que profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça?” – Hb 10.29.
· É a porta de salvação para todas as pessoas“Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.” – Tt 2.11.
· Nos justifica (nos torna justo)“sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus.” – Rm 3.24.
· Nos salva“Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus.” – Ef 2.8.
· É fonte de riqueza espiritual“Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus.” – Ef 1.7.
· Nos capacita ao trabalho“Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi em vão; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo.” – 1 Co 15.10.
· Suficiente para vivermos e vencermos todos os desafios da vida Cristã“E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.” – 2 Co 12.7-9.
· A última mensagem que a Bíblia deixa para todos é a graça oferecida por Cristo“A graça do Senhor Jesus seja com todos. Amém.” – Ap 22.21.
Graça (Charis – grego) significa favor, uma dádiva, um presente, um dom imerecido que “implica perdão, salvação, regeneração, arrependimento e o amor de Deus”¹. A salvação é um ato exclusivo da parte de Deus. Uma ação unilateral de Deus para conosco.
Diante desta enorme verdade devemos aceitar a exortação: “Portanto, você, meu filho, fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus.” – 2 Tm 2.1.
E em relação à salvação: obras, não! Mérito humano, jamais! Mascarar o pecado, nunca! Glória só na Cruz de Cristo! Para sempre e tão somente a graça! Com o sentimento dos reformadores, Sola gratia!!!

Pr. Elias Alves Ferreira, responsável pela IAP em Jales (SP) e integrante da equipe do Departamento Ministerial – Convenção Geral


¹Williams, Derek, Dicionário Bíblico, Editora Vida Nova, São Paulo, SP, 2008, Pg 148.

Sola Scriptura

Somente as Escrituras podem nos dar correção e crescimento

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. ” 2 Tm 3.16, 17
Dentre as riquezas que a Reforma Protestante nos proporcionou, estão as cinco “solas” que em latim significa “somente”: Sola Scriptura, Solus Christus, Sola Fide, Sola Gratia e Soli Deo Glória. Somente a Escritura, somente Cristo, somente a fé, somente a graça e somente Deus é digno de glória. Independente da sequência, refletir sobre estas verdades é espiritualmente compensador.
Começando pela Bíblia, podemos dizer que é importantíssima para nós porque ela própria destaca-se e se auto declara como:
· Valiosa como ouro e doce como o mel – Sl 19.10.
· Lâmpada e luz – Sl 119.105.
· Fonte de fé – Rm 10.17.
· Fonte de esperança – Rm 15.4.
· Alimento que produz vida – Mt 4.4.
· Espada de dois fios – Hb 4.12.
· Espada do Espírito – Ef 6.17.
· Fonte de vida eterna – Jo 5.39.
O texto de Paulo deixa claro que a Bíblia é:
Inteiramente inspirada por Deus. “Toda” ela, cada porção, princípio e detalhe foi cuidadosamente “inspirado” por Deus [1]. Esta expressão está em concordância com 2 Pe 1.21 “pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo.” O Senhor esteve e está no controle da Sua Palavra – Jr 1.12.
Proveitosa (útil) para o ensino [2]. Nós precisamos de ensino, de doutrina, de par&a circ;metros espirituais. A Bíblia é este limite. Ela é a nossa autoridade maior. Qualquer ensino ou revelação que a contraria deve ser considerado anátema – Gl 1.8.
Para redarguir [3]. A Bíblia corrige o conteúdo errado e o falso mestre para que vol te a viver e ensinar o que é correto.
Para corrigir [4]. Não podemos permanecer como estamos, precisamos de dinamismo e andar de acordo com a vontade do Senhor. A Bíblia nos dá este desenvolvimento espiritual. O Salmo primeiro aponta o conteúdo Bíblico como o caminho da felicidade para quem medita nela continuamente.
Para instruir em justiça [5]. Como as crianças necessitam de assimilar coisas corret as e morais para aumentar o conhecimento e ter um bom caráter, assim necessitamos de crescer no modelo bíblico.
O homem de Deus, independente do cargo, título ou função deve buscar a perfeição pessoal na Bíblia, que é o livro perfeito, inerrante, ministrando com a vida e os ensinos, as verdades maravilhosas da Palavra de Deus.
Então podemos dizer como os reformadores esta exclusividade da Bíblia (“sola”, “somente”):
Somente por meio das Escrituras, por ser Divinamente inspirada, temos a maior revelação de Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) e Seu plano de salvação.
Somente as Escrituras são inerrantes pois foram “sopradas” por Deus.
Somente nas Escrituras podemos nos apoiar doutrinariamente porque toda a verdade está nela revelada. Jesus autenticou a Bíblia como verdade – Jo 17.17.
Somente as Escrituras são a nossa maior fonte de correção. Ela aponta sempre os valores eternos em detrimento aos valores do mundo.
Somente as Escrituras podem nos dar o maior crescimento espiritual que necessitamos. Jesus venceu as tentações e permaneceu fiel por meio da Palavra – Mt 4.1-11.
Somente as Escrituras podem fornecer a perfeição para todas as nossas atividades. Ele deve normatizar toda a nossa fé e prática.
Como são valiosas as palavras do reformador Menno Simons:
“Eis que, meus dignos irmãos, comparados às doutrinas, aos sacramentos e à vida que acabamos de examinar, os decretos imperiais, as bulas papais, os concílios dos eruditos, as práticas tradicionais, a filosofia humana, Orígenes, Agostinho, Lutero, Bucer, o aprisionamento, a exclusão ou o assassinato nada significam; pois é a eterna, imperecível Palavra de Deus, repito, é a eterna Palavra de Deus, e assim permanecerá para sempre. ” [6]
Sem medo de errar, dizemos que em termos de texto autoritativo sobre nós, Sola Scriptura!

Pr. Elias Alves Ferreira é responsável pela IAP em Jales (SP) e integra a equipe do Departamento Ministerial – Convenção Geral


[1] Vine, W.E, Dicionário, CPAD, Rio de Janeiro – RJ – 2004- Pg 715. Do grego “theopneustos” que significa “soprado” por Deus.
[2] Vine, W.E, Dicionário, CPAD, Rio de Janeiro – RJ – 2004- Pg 595. Do Do grego “didaskalia” “didasko”que significa qualidade de ensino, educação, doutrina.
[3] Vine, W.E, Dicionário, CPAD, Rio de Janeiro – RJ – 2004- Pg 942. Do Do grego “elegmos” que significa “reprimenda”, “teste”, “provação”.
[4] Champlin, R.N. O N.T. Interp. V.p/ V. Candeia, Cidade Dutra – SP, Vol. V, Pg 396. Do grego “epanorthosis” que significa “correção” e “aprimoramento”.
[5] Vine, W.E, Dicionário, CPAD, Rio de Janeiro – RJ – 2004- Pg 596. Do Do grego “paideia” e “dikaiosune”- que significa “instrução”, “treinamento”.
[6] George, Timothy, Teologia dos reformadores, Vida Nova, São Paulo, SP, 1993, Pg 271

Quem foi Martinho Lutero?

O homem que Deus usou para concretizar a Reforma Protestante

Em 31 de outubro de 1517, o Monge Agostiniano, Martinho Lutero, fixou na porta do Templo em Wittenberg, na Alemanha, 95 teses protestando contra o Cristianismo dominante da época, surgindo assim o Movimento de Reforma Protestante. Embora tenham havido outros movimentos e vozes, que não aceitavam a forma de como viviam o evangelho na época, por exemplo, os Grupos Monásticos, Albigenses, Pedro Valdo, John Wycliffe, John Huss e Girolamo Savonarola, entre outros, o movimento iniciado por Lutero, foi o mais impactante deixando marcas espirituais, religiosas, culturais, políticas, econômicas, tecnológicas, sociais e intelectuais.¹
Mas, o que provocou esta gigantesca reforma? As áreas principais foram: Teológica (Venda de perdão divino, “indulgências”; venda de objetos sagrados, “relíquias”; ensinos de Pelágio, que entre outras heresias negava o pecado original; sacerdocialismo, onde o sacerdote centralizava toda a vida espiritual). Moral (declínio moral do Clero). Administrativa (forma religiosa de dominar).²
Mas quem foi Lutero? Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, na Alemanha. Morreu na mesma cidade, em uma viagem no dia 18 de fevereiro de 1546. O pai possuía uma mina e pertencia à classe média alta. O pai de Lutero queria que ele fosse advogado. Porém, quase morreu atingido por um raio certa tarde de verão enquanto andava sozinho pela estrada. O raio derrubou-o no chão e, cheio de medo, clamou à sua padroeira “Santa Ana, ajude-me e me tornarei um monge! ”. Pouco depois, o jovem estudante universitário vendeu todos os livros de Direito e bateu à porta do mosteiro agostiniano em Erfurt, tornando-se monge. Como monge experimentou crises do que chamava Anfechtungen – ansiedade espiritual aguda sobre o estado da alma. Em suas in certezas castigava-se para compensar essa deficiência e conseguir mérito diante de Deus. Disse, posteriormente, que toda a sua vida no mosteiro foi a “busca de um Deus gracioso”. Mas, em vez de amar a Deus e descobrir que ele era gracioso Pai Celeste, Lutero o temia e passou a odiá-lo porque só sentia sua ira e não seu amor. Obteve doutorado em Teologia na Universidade de Wittenberg em 1512 e passou a lecionar matérias bíblicas. Neste período debateu-se muito com as questões da graça e da justiça de Deus. Mas, um dia pode escrever: “Finalmente, pela misericórdia de Deus, meditando dia e noite, dei ouvidos ao contexto das palavras: “A justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” – Rm 1.17. Aqui, senti como se renascesse totalmente e entrasse no paraíso pelos por tões abertos. Ali, uma faceta totalmente nova da Bíblia revelou-se para mim.”
Após a experiência salvífica, se opôs aos caminhos tomados pela igreja da época, principalmente à venda de indulgências. No dia 31 de outubro de 1517 fixou então as 95 teses contra o que achava de errado. Em poucos meses, tornou-se herói popular alemão por ter desafiado o poderio religioso e estrangeiro de Roma.³
Qual a importância da Reforma Protestante para nós? Apesar de não ter sido completa, foi um avivamento sem precedentes na história e temos o sentimento de gratidão e desafio. De gratidão, por que muitos valores espirituais e teológicos tiveram origem nesta Reforma. Aliás, nossos próximos artigos versarão sobre esta herança maravilhosa. E de desafio, principalmente de perseverança, por que a Reforma Protestante tem em sua história exemplos de coragem e fé. Os reformadores foram corajosos e muitos pagaram com suas próprias vidas. Assim também, não podemos negar as verdades bíblicas num mundo de trevas espirituais. Temos que permanecer fiéis a Cristo, que deu a Sua vida por nós na cruz, re ssuscitou ao terceiro dia e nos comissionou a fazer discípulos de todas as nações, não negligenciando quaisquer detalhes de Seus ensinos.

Pr. Elias Alves Ferreira é responsável pela IAP em Jales (SP) e integra a equipe do Departamento Ministerial – Convenção Geral.


¹Chaves, Gilmar Vieira, Reforma Protestante, Central Gospel, Rio de Janeiro, RJ, 2017, Cap 2.
²Idem, Cap.1.
³Olson, Roger, História da Teologia Cristã, Editora Vida, São Paulo, SP, 1999, Cap 24