Skip to content

A Bíblia é um livro racista?

Em algum sentido, o racista está enfermo e tenta inferiorizar o outro para se curar, mas engana-se, pois esse remédio (leia-se veneno) está matando-o.

A tensão racial não é exclusiva dos tempos atuais. No contexto bíblico, encontram-se diversos relatos do que modernamente chamamos de racismo.

A Bíblia não é racista

Em Atos 10, o apóstolo Pedro, que era judeu, foi advertido a não tratar com discriminação étnica um homem romano chamado Cornélio. O destaque do texto é que, após ser convencido pelo próprio Espírito Santo, o que indica a necessidade da intervenção divina no coração do racista, Pedro reconhece que Deus não faz acepção de pessoas, mas aceita todos que nele creem. Deus não é racista e, por conseguinte, a Bíblia, sua palavra, também não o é, o que contradiz as acusações infundadas de pessoas que desconhecem a iniciativa da graça divina em criar uma pluralidade étnica tão bela.

 

A Bíblia condena o racismo

Além de a Bíblia não ser racista, ela condena este pecado. O relato de Números 12 diz que Moisés casou-se com uma cuxita, mulher negra africana, e foi duramente criticado por seus irmãos por isso. Mas Deus irou-se e castigou Miriã com lepra. Sua pele ficou branca como a neve. Segundo Piper,1 a lição de Deus a Miriã era que, por ela desprezar a pele negra e achar-se superior por ser mais clara, ele a deixou com a pele mais branca; porém, contaminada, doente. A correção de Deus foi dura, mas necessária, dada a gravidade do racismo. A doença física de Miriã apenas evidenciou a doença do seu coração. Em algum sentido, o racista está enfermo e tenta inferiorizar o outro para se curar, mas engana-se, pois esse remédio (leia-se veneno) está matando-o.

 

A Bíblia promove a diversidade racial

Acertadamente, Keller2 lembra que todos os seres humanos estão conectados a um casal que deu origem à raça humana (At 17:26). O pecado, porém, alienou as pessoas socialmente. A partir de então, produziu-se um falso deus racial, que se alimenta de divisão, segregação e até de violência e morte. Vozes e movimentos apartados da cosmovisão cristã tentam reparar esse mal, mas criam outros ídolos, as políticas de identidade, por exemplo. O evangelho, no entanto, apresenta a Trindade como modelo perfeito de diversidade e unidade. Deus comunica esse aspecto aos seres humanos inspirando-os a viverem neste tempo de tal forma que projetem a realidade futura, em glória, com a presença de uma nova criação, formada de todas as nações, tribos, povos e línguas, pois em Cristo não há negro nem branco.

Alex Cruz Rodrigues | É teólogo, pastor em Salvador (BA) e líder do Ministério de Ensino da Convenção Bahia.

Notas

1PIPER, John. O racismo, a cruz e o cristão: a nova linhagem em Cristo. Tradução de Marisa K. A. de Siqueira Lopes. São Paulo: Vida Nova, 2012.

2KELLER, Timothy. Racismo e justiça à luz da Bíblia. Tradução de Jonathan Silveira. São Paulo: Vida Nova, 2020.

Notícias